Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Quando se vê...

O poema de nome Seiscentos e sessenta e seis, de Mário Quintana diz assim:

A vida é uns deveres que trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas: há tempo...

Quando se vê, já é sexta-feira...

Quando se vê, passaram sessenta anos!

Agora, é tarde demais para ser reprovado...

E se me dessem “um dia”, uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguia sempre em frente... E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...

*   *   *

Ao se findar um ano, prestes a iniciar um novo, é quando se ouvem frases comuns: Como passou rápido!; ou Nossa, nem vi o ano passar...; ou ainda: Lá se foi mais um ano...

Muitas destas frases revelam uma espécie de falta de controle sobre o tempo em nossas vidas.

Muitas são pronunciadas com pesar, como se o ano tivesse passado por nós, sem percebermos, sem fazer nada significativo neste período de vida.

A vida está tão corrida! – Dizem outros, revelando que o tempo passou por eles, ao invés deles terem passado pelo tempo.

E quando se vê, passaram sessenta anos! – Diz o poeta.

*   *   *

Será que estamos passando pela vida, ou é a vida que está passando por nós, sem percebermos, sem interagirmos, sem deixarmos nossa marca?

Será que às vezes não estamos fazendo coisas demais, sem eleger quais realmente são as importantes para nosso Espírito?

Será que durante o ano conseguimos identificar cada uma das estações, e vivê-las de forma intensa?

Não viramos escravos do relógio, do excesso de trabalho, do excesso de preocupação, e de mais disso e daquilo?

É de se pensar... É de parar para pensar um pouco nestas questões.

Ao final de mais um dos ciclos da vida, faz-se fundamental uma pausa, avaliar, planejar, e principalmente, curtir o momento.

Os ciclos são necessários para isso. Se não parássemos nunca, em breve a vida, a saúde, a cabeça, como se diz, parava por nós.

Não somos máquinas, embora alguns costumes do mundo moderno pareçam querer nos tratar assim.

Não somos marionetes nas mãos do tempo, nas mãos da profissão, nas mãos do consumismo avassalador.

Somos Espíritos que estamos aqui, neste planeta, para nos desenvolvermos, para conquistarmos perfeição moral e intelectual, para aprendermos a amar.

Somos viajores de muitas vidas, de muitas oportunidades, mas também de chances únicas, de momentos únicos, que devem ser vividos com a intensidade da luz das estrelas novas.

Somos a razão de tudo, e por isso mesmo precisamos exigir mais respeito de nós mesmos.

Precisamos exigir do corpo um pouco mais de alma, e de tudo um pouco mais de calma, lembrando outra bela poesia.

A vida não para, certamente. Por isso somos nós que temos que parar um pouco.

Recomeçar é sempre preciso. Faz-nos falta o novo. E nada melhor do que um novo eu para recomeçar com todas as forças.

É tempo de recomeçar...

 Redação do Momento Espírita, com base em poema do livro
Esconderijos do tempo, de Mário Quintana, ed. Globo.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP.
Em 3.2.2017.

 

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