No Ramayana, uma das grandes epopeias indianas, conta-se a história do príncipe Rama, um jovem cheio de virtudes.
A esposa de Rama, Sita, fora sequestrada pelo perverso Ravana.
Ajudado por ursos e macacos, o valente Sama tentava construir uma ponte até à ilha de Lanka, onde viviam Ravana e a prisioneira Sita.
Os ursos carregavam pesadas árvores e os macacos traziam pedras.
Mas, não havia trabalho para um grupo de esquilos. Pequeninos, sem muita habilidade, eles apenas conseguiam pôr alguns grãos de areia na ponte que se formava.
Os esquilos faziam assim: molhavam-se na água e depois rolavam na areia.
Os grãos de areia grudavam no pelo e eles corriam até à ponte. Ali, sacudiam a areia sobre a construção.
Narra a história que os outros bichos riam dos esquilos e desprezavam suas tentativas de colaborar.
E os esquilos se sentiam humilhados porque seus esforços não eram valorizados.
Alguém resolveu contar a Rama o gesto dos esquilos. Esperava que Rama também risse dos bichinhos ingênuos.
Venha vê-los, Rama, venha se divertir também com esses esquilos tolos!
Mas Rama observou os animaizinhos, que rolavam na areia, enquanto todos à sua volta haviam parado o trabalho para rir.
Gentilmente, ergueu um deles do solo. Acariciou-lhe a pelagem e disse, com amor:
Um dia, todos ouvirão falar sobre a ponte para Lanka. Louvarão o esforço dos ursos e dos macacos, mas eu sou grato a todos os que trabalham. E você, pequenino, tem minha eterna gratidão.
E, diante de todos que olhavam a cena, o príncipe Rama deu um presente ao esquilo: acariciou-lhe as costas e seus dedos deixaram três listras brancas nas costas do animalzinho.
Esta, pequenino, é a marca de minha gratidão, disse Rama.
* * *
Todo o Ramayana é composto de histórias semelhantes, que trazem um profundo ensino moral.
Esta nos faz refletir sobre gratidão, generosidade e, principalmente, a importância do trabalho.
Por mais humilde e obscuro que seja, cada um de nós tem um papel muito importante no mundo.
Aparentemente, outros são mais importantes, contribuem mais, têm tarefas maiores. Aparentemente.
Mas lembre, por um momento, a falta que fazem porteiros, vigias, garis, faxineiras, empregados domésticos.
Todos são muito importantes. São homens e mulheres que se esforçam para ganhar o pão de cada dia, tantas vezes regado com lágrimas que ninguém vê.
Para Deus, todo esforço é válido, todo trabalho é digno, todo trabalhador merece recompensa. A medida do mundo não é a medida divina.
É que Deus, que conhece a nossa alma, sabe avaliar com exatidão o nosso esforço, capacidade e talentos.
Ele sabe que o que é simples e fácil para um, pode exigir muito de outro.
E Deus, que também vê no silêncio e na solidão, acolhe e ama cada trabalhador pequenino neste mundo tão vasto.
* * *
Que cada um de nós possa ver os trabalhadores do mundo sob a lente do imenso amor divino.
Redação do Momento Espírita.
Em 2.2.2017.
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