Ela estava em viagem. Fazendo escala em um grande aeroporto do país, deparou-se com uma cena comovedora: um pai, bastante jovem, aguardava seu voo para a conclusão da viagem.
Trazia consigo um filho pequeno, com uma perna engessada. Rumavam para tratamento em hospital especializado, na capital brasileira.
Era tanta atenção e carinho do pai no trato com a criança semideitada na cadeira de rodas, que ela não se conteve e aproximou-se, puxando assunto.
Vinha ele do Interior do Estado e levava o filho para o necessário atendimento.
Há muito faz essa rota, confessou, pois seu filho tem uma doença rara, conhecida como ossos de vidro ou ossos de cristal.
Trata-se de uma fragilidade dos ossos que se quebram com enorme facilidade.
Sua causa é a deficiência na produção do colágeno do tipo um, o principal componente dos ossos.
Como ainda não existe cura para essa deficiência, o tratamento visa apenas melhorar a qualidade de vida do seu portador.
Conversando, ela ficou observando os cuidados paternos, que emocionavam por tantos gestos de carinho e atenção.
Disse-lhe o jovem pai que o menino é inteligente, esperto e alegre, submetendo-se sem problemas às terapias exigidas.
Que ele, pai, apenas fazia sua parte, conduzindo-o, sempre que necessário, embora as dificuldades financeiras da família.
* * *
Mais tarde, ela ficou a pensar no sacrifício de tantos pais, como aquele, devotados aos cuidados a um filho com limitações.
Também se lembrou de quantos, embora sem filhos portadores de deficiências, participam de forma efetiva na formação deles, manifestando e cultivando o amor, através do toque, da carícia, da presença e dos exemplos positivos.
Recordou-se de que lera, em precioso livro, que a paternidade é, sem contestação possível, uma missão.
É ao mesmo tempo um dever muito grande e que envolve, mais do que o homem pensa, sua responsabilidade quanto ao futuro.
Deus colocou o filho sob a tutela dos pais para que estes o dirijam pela senda do bem. E lhes facilitou a tarefa dando ao filho uma organização frágil e delicada que o torna acessível a todas as impressões.
E concluiu: como se faz preciosa a presença do pai na vida do filho.
E como o filho se sente mais seguro quando se percebe objeto desse cuidado que recebe; quando seu ídolo se faz presente e cumpre com o que promete.
Quando percebe o quanto se esforça o pai, para lhe dedicar um espaço de tempo aqui, outro ali.
Quando o aceita como é, sem desejar que ele seja superior, seja o melhor ou vença sempre, em todas as situações da vida.
Que suas atitudes são coerentes e suas advertências são serenas e firmes, em momentos oportunos.
Que respeita a maturidade do filho, compatível com cada fase de seu crescimento. Que nunca compactua com o erro.
E que participa das horas felizes e das difíceis, oferecendo segurança.
* * *
Ser pai é ser um amigo especial, diferente dos demais, por ter autoridade junto ao filho.
Ser pai é ter transparência, credibilidade, imagem definida.
Ser pai é uma missão sagrada que necessita ser vivenciada em todos os momentos da vida.
Abençoados sejam os pais que bem cumprem sua missão.
Benditos os filhos que contam com a presença de um verdadeiro pai.
Redação do Momento Espírita, com transcrição
do item 582, de O livro dos Espíritos, de
Allan Kardec, ed. FEB.
Em 21.1.2017.
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