Dizem que as palavras convencem, mas os exemplos arrastam. Ou seja, os exemplos sempre falam mais alto e têm o condão de transformar vidas, arrebatar as pessoas.
Narra o médico e escritor escocês A. J. Cronin, em uma página solta na imprensa internacional, intitulada Porque eu creio em Deus, sua experiência pessoal.
Estudante de medicina na Universidade de Glasgow, durante a sua juventude, não era diferente dos seus colegas quanto à irreverência na crença no Ser Supremo.
Quando pensava na palavra Deus, um sorriso de mofa lhe aparecia nos lábios, transparecendo o desprezo por esse mito, desgastado pelo tempo.
Quando se formou e foi clinicar, ao sul do país de Gales, conheceu uma jovem enfermeira, cuja atuação lhe chamou muito a atenção.
Ela trabalhava sozinha, numa ronda de quinze quilômetros diários, montada numa bicicleta, para atender os seus pacientes.
Sua fisionomia revelava os traços de uma disposição, jovialidade e paciência dignas de admiração.
Mesmo depois de um dia estafante, se chegasse um chamado urgente, retornava à sua tarefa. E nunca estava tão ocupada que não pudesse pronunciar uma palavra de consolo e bom ânimo a quem precisasse.
Seu salário era irrisório e mal atendia as suas necessidades básicas. Mas, ela realizava o seu trabalho como se estivesse recebendo a maior remuneração de toda a classe médica.
Certa noite, depois de um dia particularmente trabalhoso, difícil, doutor Cronin se sentou ao lado dela, para saborear uma xícara de chá.
Observando-lhe o cansaço, o médico lhe perguntou: Enfermeira, por que você não exige que lhe paguem melhor? Você devia ganhar, pelo menos, o triplo do que ganha por semana. Você merece mesmo.
Um silêncio se fez, por alguns instantes. Depois, ela sorriu e seu olhar brilhou intensamente, surpreendendo o médico.
Então, com voz terna e modulada, ela respondeu:
Doutor, se Deus sabe que eu mereço, isso é tudo para mim.
Naquele momento, Cronin compreendeu que toda aquela existência de trabalho, em que se destacava o amor ao próximo, era um atestado evidente da sua maneira de adorar a Deus.
Percebeu, num lampejo, a riqueza da significação da vida daquela jovem. E, por outro lado, o vazio interior existente no seu próprio mundo íntimo, pela ausência da crença em Deus.
Aquilo o fez pensar e, depois de algum tempo, em que outros fatos se lhe alinharam à observação, ele se ergueu do pântano do cepticismo para a terra firme da adoração a Deus.
* * *
Sim, exemplos arrastam. Falam muito mais alto à razão e ao coração do que muitas palavras.
Por esse motivo, é que o sábio de Nazaré convocou os homens ao amor, prescrevendo: Amai-vos uns aos outros.
E, para acrescentar Como eu vos amei, abandonou as estrelas, tomou um corpo de carne e veio viver entre as Suas ovelhas, Pastor Celeste que é.
Durante pouco mais de três décadas, viveu a infância, a juventude e caminhou para a maturidade, servindo sempre, no lar, na carpintaria do pai, no mundo.
Finalmente, certo de que lhe seguiríamos a exemplificação nobre, afirmou: Os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem.
Pensemos nisso. Vivamos e exemplifiquemos a sábia exortação.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
A lei de adoração, de José Couto Ferraz,
da Revista Internacional de Espiritismo,
outubro 2016.
Em 27.12.2016.
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