Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone O menino do Natal

Ele foi aguardado pelo casal por mais de um ano. Considerados portadores de infertilidade, marido e mulher se inscreveram numa fila de adoção.

Com seis dias de vida ele chegou. E porque fosse próximo ao Natal, logo foi chamado de nosso menino do Natal.

Em seguida, o casal foi surpreendido com dois filhos biológicos.

O menino do Natal, contudo, era muito especial. Natal era mesmo com ele.

Era ele que se esmerava na decoração da árvore, que elaborava a lista de presentes, não esquecendo ninguém.

Era pura felicidade. Natal era família, era orar e entoar cânticos.

No seu vigésimo sexto Natal, ele se foi, tão inesperadamente quanto chegou. Morreu num acidente de carro, logo depois de estar na casa dos pais e decorar a árvore de Natal.

A esposa e a filhinha o aguardavam em casa. Ele nunca voltou.

Abalados pelo luto, os pais venderam a casa e se mudaram para outro Estado.

Dezessete anos depois, envelhecidos e aposentados, resolveram retornar à sua cidade de origem.

Chegaram à cidade e olharam a montanha. Lá estava enterrado seu filho. Lugar que jamais conseguiram visitar.

O filho do casal morava em outro Estado. A filha viajava, em função de sua carreira.

Então, próximo do Natal, a campainha da porta soou. Era a neta. Nos olhos verdes e no sorriso, via-se o reflexo do menino do Natal, seu pai.

Atrás dela vinham a mãe, o padrasto, o meio-irmão de dez anos.

Vieram decorar a árvore de Natal e empilhar lindos embrulhos de presentes sob os galhos.

Os enfeites eram os mesmos que ele usava. A esposa os havia guardado, com carinho, para a sogra.

Depois foi convite para a ceia e para comparecerem à igreja. A neta iria cantar um solo.

A linda voz de soprano da neta elevou-se, fervorosa e verdadeira, cantando Noite feliz. E o casal pensou como o pai dela gostaria de viver aquele momento.

A ceia, em seguida, foi cheia de alegria. Trinta e cinco pessoas. Muitas crianças pequenas, barulhentas.

O casal nem sabia quem era filho de quem. Mas se deu conta de que uma família de verdade nem sempre é formada apenas pelo mesmo sangue e carne.

O que importa é o que vem do coração. Se não fosse pelo filho adotado, eles não estariam rodeados por tantos estranhos, que se importavam com eles.

Mais tarde, a neta os convidou para irem com ela a um lugar.

Foi em direção às montanhas, ao túmulo do seu pai. Ao lado da lápide, havia uma pedra em formato de coração, meio quebrada, pintada pela filha do casal.

Ela escrevera: Ao meu irmão, com amor.

Em cima do túmulo, uma guirlanda de Natal, enviada, como todos os anos, pelo outro filho.

Então, em meio a um silêncio reconfortante, a jovem soltou a voz, bela como a de seu pai.

Ali, nas montanhas, ela cantou Joy to the world. E o eco repetiu diversas vezes.

Quando a última nota se ouviu, o casal sentiu, pela primeira vez desde a morte do filho adotado, um sentimento de paz, de continuidade da vida.

Era a renovação da fé e da esperança. O real significado do Natal lhes havia sido devolvido.

Graças ao menino do Natal...

*   *   *

A verdadeira família é a que se alicerça em laços de afeto.

Não importa se os filhos são gerados pelos pais ou se chegam por vias indiretas.

O que verdadeiramente importa é o amor. Esse suplanta o tempo, a morte. Existe sempre.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Nosso menino do Natal,
 de Shirley Barksdale, do livro  Histórias para aquecer o coração das mulheres,
 de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne  e
Marci Shimoff, ed. Sextante.
Em 23.12.2016.

 

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