Júlia resolvera buscar ajuda para seu desconforto interior. Desejava sentir-se mais senhora de si e de suas emoções.
As sessões com o terapeuta se sucediam. De cada vez, ele a ouvia e buscava conduzi-la a examinar a própria forma de ser, de ver e sentir a vida.
Foi numa dessas sessões que ela falou como acreditava ser feia e inútil. Não tinha um corpo esbelto, como tantas das suas amigas.
Nem era tão prendada como elas. Algumas eram verdadeiras artistas da culinária, da pintura, da música.
Ela se imaginava como uma verdadeira inútil. Como poderia se amar? Não havia como.
Na sequência, ela foi narrando suas desventuras, sua infelicidade e acabou confessando que se sentia assim, desde a meninice.
Então, o terapeuta a convidou a rememorar a infância e confrontar aquela menina, descobrindo que nem era feia, nem inútil.
Pacientemente, foi pedindo que enumerasse as qualidades da menina, que eram as suas. O que ela sabia fazer.
A cada dia, a cada sessão, ela foi se descobrindo, como que percorrendo, longa e demoradamente, o caminho realizado ao longo dos anos.
Não se tratava de questão de beleza ou utilidade. Júlia apenas não se amava.
Finalmente, na medida em que foi se conhecendo, passou a se apreciar, a gostar de si mesma, a se amar.
* * *
Sempre ouvimos falar da necessidade de desenvolvermos em nós o sentimento de autoamor.
No entanto, acabamos encontrando desculpas ou motivos para adiarmos tal solução, nos imaginando incapazes.
São situações vivenciadas, que nos deixaram marcas menos felizes; preconceitos, que calaram fundo em nosso ser, nos perturbando constantemente; atos praticados sem prévia análise, que resultaram negativos; complexos que se fixaram no imo em momentos de descuido; deficiências físicas que nos desagradam; síndromes que portamos, e que fazem nos sentirmos diferentes; falta de conhecimentos, que nos permitiriam melhores meios de comunicação...
Enfim, uma série de motivos que nos desagradam e que tomam conta de nosso eu, impedem de nos aceitarmos como somos, reconhecendo nosso valor.
Importante nos visualizarmos com outros olhos, nos analisarmos sem medidas padronizadas, para melhor nos enxergarmos.
Somos quem somos, filhos de Deus, criados com o mesmo amor e carinho.
Trazemos em nós algumas marcas negativas que plantamos no decorrer das reencarnações, no entanto, não somos essas marcas.
Observando-nos, com cuidado, constataremos que não somos perfeitos, mas também, que temos predicados que valem a pena valorizar.
Esse autoconhecimento nos permitirá desenvolver em nós a capacidade da autoaceitação e do autoamor.
Nossa aparência física é passageira e devidamente construída para nosso aprimoramento espiritual.
Em Espírito, carregaremos conosco os valores morais e o conhecimento que adquirirmos.
Toda sombra que afugentarmos de nós, permitirá um brilho maior da luz Divina.
Autoconhecimento e autoamor são metas a serem alcançadas.
O roteiro está em nossas mãos.
Redação do Momento Espírita.
Em 17.12.2016.
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