Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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Conta-se que, quando Maria de Magdala deixou-se penetrar pela mensagem do Suave Rabi da Galiléia, uma onda de questionamentos lhe invadiu a alma.

Ela, a grande pecadora, que buscava o amor de forma equivocada na tentativa de preencher o vazio da alma, diante da proposta de amor que aquele Homem singular lhe apresentava, pôs-se a meditar e sentiu-se uma mulher em escombros.

Num lindo dia, daqueles em que a brisa da primavera traz consigo o perfume das flores para suavizar os caminhos dos que se debatem pelas estradas terrenas, ela travou um diálogo singular com o Messias de Nazaré.

Abriu seu coração ao Amigo, dizendo que era um trapo de mulher e que seria difícil ser aceita por Deus, já que cometera tantos desatinos. Por onde começar, ou recomeçar?

O Mestre, com o olhar sempre compassivo, apontou pela janela um determinado quadro e lhe perguntou: O que vês lá, minha filha?

Ela observou o quadro e respondeu: Vejo uma casa em ruínas, Senhor.

E então, não vês que ela está recoberta com lindos ramos e flores? Se Deus lança sobre os escombros de uma casa em ruínas  as formosas buganvilles, o que não lançará sobre um de seus filhos que queira renovar a paisagem íntima?

Naquele instante, os olhos de Maria se encheram de lágrimas, sinceramente brotadas das profundezas da alma.

Uma onda diferente a invadiu. Era como se um suave perfume penetrasse sua intimidade abrindo um horizonte novo: a esperança nascia.

Revitalizada pelas palavras do Profeta de Nazaré, Maria de Magdala logo deu início à obra de redenção particular.

Entendia agora o que Jesus quis dizer com as flores recobrindo a casa em ruínas. Sentia que era a oportunidade bendita que a Misericórdia Divina lhe oferecia para refazer os caminhos equivocados.

Passou a atender os sofredores, os desalentados, os mortos-vivos corroídos pela lepra.

Nesse ministério, na medida em que aliviava o sofrimento alheio, Deus lhe supria as forças e lhe iluminava a alma.

Foi assim que a mulher equivocada conseguiu superar as dificuldades do caminho, superando-se a si mesma.

Foi assim que Maria de Magdala conseguiu perdoar-se.

Conseguiu empreender a caminhada para a felicidade que Jesus afirmou ser possível a todos, com as palavras: Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz, negue-se a si mesmo e siga-me.

Ela negou-se a si mesma, esqueceu as carências e apostou tudo na felicidade que haveria de vir logo mais. E conseguiu seu intento. 

*   *   *

Se, às vezes, você se sentir como se estivesse em escombros, lembre-se da afirmativa de Jesus: Se Deus recobre com flores perfumadas uma casa em ruínas, o que não lançará sobre um de Seus filhos que queira mudar a paisagem íntima?

Deus nos oferece sempre uma nova chance de acerto. Enfeita a nossa vida com as belezas naturais. Permite o perfume das flores, o canto dos pássaros, a amizade sincera, a companhia dos afetos.

A nós só resta a decisão firme de mudar a nossa paisagem interior.

Assim sendo, roguemos a Deus que nos sustente as forças e comecemos, sem demora, essa nobre empreitada.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 20, do livro
Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 11.05.2009.

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