Na crônica de vários países do mundo existe uma narrativa de excelente conteúdo moral.
Trata-se de um velho apólogo que é uma verdadeira pérola da filosofia, que nos pode enriquecer os corações e nos orientar o procedimento, enquanto nos encontramos neste bendito lar chamado Terra.
Conta o dito apólogo que um homem foi convocado a comparecer perante o tribunal, para dar solução imediata aos problemas e suspeitas que lhe manchavam a vida. A condenação era quase certa.
Temendo o que lhe pudesse acontecer, o homem pensou em quem o poderia auxiliar, com conselhos e proteção, quem o poderia acompanhar, falar por ele, defendê-lo.
Lembrou que possuía três amigos e, de imediato, os procurou.
O primeiro, um tanto arrogante, lhe ouviu a necessidade e depois disse:
Não posso fazer nada por você, a não ser arranjar uma roupa nova para que compareça bem vestido diante do juiz.
E lá se foi o pobre homem, em busca do segundo amigo, esperando o melhor. No entanto, embora se preocupasse com a sua situação, esse lhe falou:
Verdadeiramente, tenho você em alta estima. Contudo, no presente caso, nada mais posso fazer a não ser acompanhá-lo até à porta do tribunal.
Procurado, o terceiro se mostrou muito solícito e, de imediato, se ofereceu:
Irei com você e falarei em sua defesa.
Estendeu-lhe os braços, seguiu com ele, amparou-o em todos os momentos da luta e falou com tanta segurança e com tanta eloquência em benefício dele, diante da justiça, que o mísero suspeito foi absolvido com a aprovação dos próprios acusadores.
* * *
Neste apólogo, temos a nossa própria história frente à morte.
Todos nós, diante do sepulcro, somos convocados a comparecer ante o tribunal da consciência. Teremos que prestar contas à contabilidade Divina.
E todos recorremos àqueles que nos protegem.
O primeiro amigo, o doador de trajes novos, simboliza o dinheiro que nos garante o sepultamento.
O segundo, aquele que nos acompanha até a porta do tribunal, é o mundo, representado pelos nossos amigos, parentes ou afeições mais queridas que, com pesar, nos seguem até a beira do túmulo.
O terceiro, contudo, é o bem que praticamos nesta vida. Esse segue conosco e falará das nossas ações, do nosso proceder.
Será o anjo protetor do nosso destino. Falando em nós e por nós, diante da justiça, nos conseguirá mais amplas oportunidades de serviço, ou o nosso passaporte para esferas mais felizes.
E, assim como o bem que praticamos abre as portas da felicidade, igualmente as más ações depõem contra nós, enclausurando-nos aos sofrimentos, retendo-nos junto aos círculos pesados das sombras.
Percebemos, então, a grandeza da justiça Divina a se concretizar no ensino do Mestre de Nazaré, conforme as anotações do Evangelista Mateus:
Cada um receberá conforme suas obras.
Atendamos assim ao bem, onde estivermos, agora, hoje, amanhã e sempre, na certeza de que o bem que realizamos é a única luz do caminho infinito que jamais se apagará.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
32 do livro Vozes do Grande Além, por Espíritos diversos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 2.12.2016.
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