Ela era jovem, na flor da idade. Fora desposada por José, que a acolhera em fidelidade e amor. Numa tarde singela, após os seus afazeres, como num sonho, recebeu a visita de um mensageiro celeste.
Ave, cheia de graça, retumbou a voz angélica. Deseja nosso Pai que recebas, em teus braços, o Seu filho.
Maria teve um leve sobressalto. Mas redarguiu: Faça-se em mim, pobre serva, a vontade do meu Deus.
Os meses correram ligeiros. Em difícil viagem, José e Maria se dirigiram a Belém. Numa estrebaria simples, em meio aos animais, nasceu o Filho do Altíssimo e, numa manjedoura, foi acomodado.
A seu tempo, Maria viu o seu Jesus falar e caminhar, contou-lhe histórias, dEle cuidou. Porém, próximo aos trinta anos, Ele partiu. Chegara a hora de cuidar dos negócios do Pai Maior.
Doze amigos se uniram a Ele e, ao Seu lado, se puseram a caminhar. Maria ouvia rumores de que, na presença de seu filho, cegos voltavam a ver; surdos a ouvir e até aquele que era considerado morto, tornara a se levantar.
Seu coração de mãe enchia-se de temores. Os orgulhosos ressentiam-se daquilo que ensinava Jesus: o amor ao próximo, o perdão das ofensas. Lições nem sempre compreendidas, mas que transbordavam o mundo de luz.
Ensinando, doando-se, servindo, o Cristo semeava a paz. Quando Ele a visitava, Maria indagava: Que fazes, meu filho? E Jesus, terno e carinhoso: Eu cuido dos negócios de meu Pai.
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Numa noite de angústias, João trouxe à mãe do Mestre o doloroso aviso: Acusam-no de colocar-se contra a ordem estabelecida.
Num julgamento injusto, foi condenado e ainda teve a multidão a gritar por Sua morte e pela soltura do celerado Barrabás.
Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua mãe. Aos pés do filho crucificado, Maria recebe a Divina missão: ser nossa mãe, mãe de toda a Humanidade.
Mãe do Cristo, mãe de todos nós. Que por seu exemplo nos aproximemos de Jesus e possamos ouvir a sua voz.
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É Natal. Ajustemos a acústica da alma para que ouçamos as vozes celestes a cantar: Glória a Deus nas alturas. Paz na Terra. Boa vontade para com os homens.
Contemplemos o Menino Luz que chega ao mundo para nos iluminar a jornada e para nos ensinar a chamar Deus de Pai.
Unamo-nos a Maria, a senhora do silêncio e da fé.
Junto a ela, recebamos Jesus na manjedoura de nossos corações.
Tudo para que o Natal se faça celebração íntima, na qual nos encontremos com o Cristo descrucificado, e presente na vida daqueles que O seguimos.
Presente na vida daqueles que O desconhecem. Daqueles que sofrem, dos que temem, dos que sentem fome, dos adoentados, dos que, arrependidos, buscam no olhar do Mestre o recomeço...
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A Mãe Santíssima compreendeu a sua missão ao contemplar os olhos de seu filho.
A exemplo de Maria, busquemos o olhar de Jesus, a fim de atendermos ao seu convite: Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.
Redação do Momento Espírita.
Em 1.12.2016
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