Reflitamos hoje sobre esse costume humano de apontar faltas, defeitos, problemas, no outro.
Julgamos sempre.
Na maioria das vezes, ainda, com uma severidade desproporcional – dessa que não desejaríamos para conosco de forma alguma.
Somos demasiadamente cruéis em nossos julgares, pois raramente analisamos a situação com cuidado. Raramente consideramos atenuantes e quase nunca somos imparciais.
Recordamos os acusadores da mulher adúltera, na conhecida passagem evangélica.
O julgamento foi sumário. A lei humana, na pobreza de achar que a punição pela morte seria a solução, condenou aquela mulher ao apedrejamento em praça pública.
Assim, achamo-nos no direito de apedrejar.
Enchemo-nos de razão e raiva, carregamos as mãos das melhores pedras, e apontamos para o criminoso.
Mas, quem de nós não está criminoso? – Poderíamos inquirir, inspirados pela pergunta feita por Jesus naquela feita.
Dizemos não está ao invés de não é, pelo simples fato de que ninguém está fadado ao mal, ninguém foi feito criminoso. É um estado temporário no erro.
Quem de nós não está criminoso?
Esta proposta – que é de Jesus - não isenta a pessoa de assumir a responsabilidade sobre seus atos.
Ela apenas ajuda a controlar nossa crueldade, num primeiro momento, e depois, auxilia no reconhecimento de nossas próprias falhas.
A lição do atire a primeira pedra aquele que não se encontra em pecado é um exercício de tolerância e de autoconhecimento também.
Evita-se a condenação cruel, intolerante, e, logo após, se promove uma reflexão íntima, buscando cada um as suas próprias dificuldades a vencer.
Todos estamos inseridos neste processo de erros e acertos. Todos fazemos parte dos mecanismos da lei de progresso que nos impulsiona para frente.
Perdoar, compreender os erros alheios, não é promover a impunidade – de maneira nenhuma. A Lei Divina sempre irá cobrar seus devedores.
Tolerar significa estender as mãos de amor a quem precisa de amparo, de orientação.
* * *
Quando nos detemos nos defeitos e faltas dos outros, o espelho de nossa mente reflete-os, de imediato, como que absorvendo as imagens deprimentes de que se constituem.
Põe-se nossa imaginação a digerir essa espécie de alimento, que mais tarde se incorpora aos tecidos sutis de nossa alma.
Com o decurso do tempo nossa alma não raro passa a exprimir, pelo seu veículo de manifestação, o que assimilara, fazendo-o, seja pelo corpo carnal, entre os homens, seja pelo corpo espiritual de que nos servimos, depois da morte.
É por essa razão que geralmente os censores do procedimento alheio acabam praticando as mesmas ações que condenam no próximo.
Interessados em descer às minúcias do mal, absorvem-lhe inconscientemente as emanações, surpreendendo-se, um dia, dominados pelas forças que o representam.
Estejamos, assim procurando incessantemente o bem, ajudando, aprendendo, servindo, desculpando e amando, porque, nessa atitude, refletiremos os cultivadores da luz...
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8 do livro
Pensamento e vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 4.10.2016.
Escute o áudio deste texto