Aquele que usou de misericórdia para com ele.
Assim termina uma das mais importantes lições do Evangelho de Jesus, quando o Mestre faz o doutor da lei compreender o que significa se tornar o próximo de alguém.
No instante em que o samaritano se dispõe a mudar a rotina de seu dia para ajudar um completo estranho, ele se torna o próximo daquele homem, e é aí que está a essência do amor ao próximo.
Não fazer julgamentos. Deixar de pensar apenas em si. Tornar-se útil ao outro e ao mundo.
Misericórdia é colocar o coração na miséria do outro.
* * *
O mundo nunca precisou tanto de novos samaritanos como necessita neste momento.
Quem se candidata? Quem é capaz de interromper sua caminhada e ajudar um total estranho?
De se importar com pessoas que não vão lhe agradecer, que não vão lhe retribuir, mas pelo simples senso de obrigação moral?
De suportar, quem sabe, até a ingratidão, de se esconder no anonimato, de ser visto como politicamente correto – alvo de chacotas. Quem se habilita?
Recrutam-se novos samaritanos. Nem todos precisam ter denários para doar, apenas tempo para cuidar, atenção para conceder, carinho para acalmar.
Recrutam-se novos samaritanos. Alguns com a habilidade de derramar óleo e vinho sobre as feridas da alma, através de palavras de otimismo, através de ouvidos atentos ou mesmo de um abraço apertado.
Necessitamos de novos samaritanos, que não se importem com cor, raça, religião.
Que tratem o homem como Espírito, que sopra onde quer, que hoje está no Ocidente e amanhã estará no Oriente; que hoje veste pele de uma cor e que amanhã poderá ser de outra; que hoje chama o pai de Alá e amanhã o chamará apenas de Pai – o que importa?
Felizmente muitos atenderam ao convite. Não os vemos se vangloriando por aí, pois são discretos. Não os assistimos ganhando foco em noticiários, pois ainda cultuamos a desgraça e o pessimismo nos meios de comunicação, lamentavelmente.
Mas eles trabalham semeando o amor, a fraternidade, a união.
Não são dessa ou daquela religião, são de todas. Não são deste país ou daqueloutro, são de todos. Não são profissionais dessa ou daquela área, são de todas.
Anônimos, que dedicam um pouco de seu tempo para amparar os caídos, que não questionam porque caíram, que não julgam, que não fazem perguntas – só amparam.
Por vezes, pensamos demais. Intelectualizamos demais os problemas sociais, psicológicos, étnicos e religiosos. E tudo custa a sair das ideias e ir para as mãos, para a ação.
O samaritano da parábola só agiu, atendendo a emergência, e de sua boca não saíram grandes reflexões ou ensinamentos. A única fala que Jesus coloca na boca desse personagem inesquecível é: Trata muito bem deste homem, e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar.
E isso é o que aqueles que estão em sofrimento profundo e que precisam de amparo, mais querem no mundo: alguém que se importe e se volte para eles.
Você quer ser um novo samaritano?
Redação do Momento Espírita.
Em 23.8.2016.
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