Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone O menestrel de Deus

Ele era um jovem nascido em Assis. Na sua mocidade, era alegre, apreciava cantar e sair com amigos.

Pensava em se tornar um cavaleiro, defensor de pobres e oprimidos.

Partiu para uma batalha, foi feito prisioneiro e retornou ao lar quase um ano depois, enfermo.

Nunca mais foi o mesmo. Dentro de si sentia que tinha algo muito importante a realizar na Terra.

Então, ouviu uma voz que o convidava a agir. Francisco de Assis atendeu o convite e causou grande revolução no pensamento religioso da época.

Ele se dizia o menestrel de Deus. Amava a música e compunha canções. Fazia um arco de viola imaginário com um graveto e cantava para seus amigos, enquanto andava pelas estradas.

Embora não tenhamos registro da melodia, os versos de algumas dessas composições emocionam até hoje.

Um dos grandes hinos que ele deixou brotar de sua inspiração é uma canção adiantada vários séculos em relação a seu tempo. Uma canção de sensibilidade e, podemos acrescentar, também ecológica.

Francisco dizia que a criação de Deus não era somente bela, mas também era boa. Era boa porque retratava a bondade do Criador.

Francisco reconhecia tudo o que havia na criação como irmã, irmão e amigo seu.

Ele amava o sol, a lua e as estrelas, o vento, o ar, a água, o fogo. Todo ser vivo, tudo que brotava da terra.

Mesmo quando a cegueira lhe apagou a luz dos olhos, ele continuou a compor. As cores das flores eram somente lembranças, mas ele as louvava em cânticos.

Para Francisco, a fraternidade ia além das pessoas. Tudo, dizia ele, vem de Deus, está ligado a Deus e encontra seu sentido em Deus.

A canção Louvação a Deus foi composta após uma noite exaustiva de muitas dores físicas. É o primeiro exemplo de poesia em italiano vernáculo.

Altíssimo, todo poderoso, bom Deus, a Ti o louvor,

A glória e a honra e todas as bênçãos.

A Ti somente, Altíssimo, elas pertencem

E homem algum é digno de mencionar Teu nome.

Sê louvado, Senhor, com as Tuas criaturas,

Especialmente o senhor irmão sol

Que é o dia e por meio do qual nos dás a luz.

E ele é belo e radioso com grande esplendor

E feito à Tua semelhança, Altíssimo.

Sê louvado, Senhor, pela irmã lua e as estrelas

No céu as formaste, claras, preciosas e belas.

Sê louvado, Senhor, pelo irmão vento, e pelo ar nublado e sereno

E todos os tipos de clima por meio dos quais dás sustento a Tuas criaturas.

Sê louvado, Senhor, pela irmã água,

Que é muito útil e humilde, preciosa e pura.

Sê louvado, Senhor, pelo irmão fogo, por meio do qual iluminas a noite

E ele é belo e alegre.

Sê louvado, Senhor, por nossa irmã, a mãe terra que nos sustenta e governa e que produz variados frutos, com flores e ervas coloridas.

O jovem e romântico trovador se tornara o menestrel de Deus.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.
 
Quinze (1225-1226), do livro Francisco de Assis,
o santo relutante, de Donaldo Spoto,
 ed. Objetiva.
Em 28.7.2016.

 

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