Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone Perdendo a noção do tempo

A frase estampada na revista aberta sobre a mesa do escritório nos chamou a atenção.

Compromisso não é chegar sempre no horário. Por vezes, quer dizer perder a noção do tempo.

Tempo é algo que, hoje em dia, quase todos dizemos não ter.

Não temos tempo para o papo mais longo, quando o telefonema nos chega em horários que consideramos inapropriados.

Alegamos não ter tempo para estudar, para ler, para pesquisar. Não temos tempo para o café com os amigos, o encontro no final de semana, a confraternização com o grupo de trabalho.

Por vezes, em nome da falta de tempo, não cumprimos tarefas, no prazo estipulado, criando embaraços para a instituição ou grupo, que contava com nosso desempenho.

No entanto, de todos os compromissos e deveres de que nos furtamos, por falta de tempo, o mais grave é a ausência familiar.

Esse núcleo íntimo precisa de nossa presença. Nossa ausência continuada e, em certos momentos especiais, pode determinar a sua desestruturação e até o seu fracasso.

É assim quando um dos cônjuges se envolve, de forma excessiva, no exercício da profissão ou elege para si mais tarefas do que as horas lhe permitem.

Ser dinâmico, ativo, é saudável. Ambicionar crescimento profissional, lançar-se no voluntariado, também.

No entanto, quando tudo isso nos exige horas em demasia longe dos amores, a questão se torna nevrálgica.

Cônjuge que não recebe o alimento do carinho, da afeição, começa a alimentar carência.

E, por não considerar mais o lar como esse ninho aconchegante e acolhedor, esfria a relação, permitindo-se buscar alhures o que lhe falta.

As crianças, que requisitam atenção, se tornam esquivas.

Afinal, o pai ou a mãe não compareceu à escola no dia da sua apresentação teatral.

Chegou atrasado à homenagem aos pais, não foi ao recital assistir sua performance musical.

Nesse compasso, as crianças e os adolescentes vão se esquivando, se recolhendo para dentro de si mesmos.

De todos os compromissos humanos, os que têm a ver com afeição, são os mais preciosos.

Isso porque as lesões afetivas marcam profundamente as criaturas, influenciando, no futuro, seu próprio desempenho como ser humano.

Assim, é bom aprendermos a administrar o nosso tempo. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

E, no estabelecimento da nossa grade de compromissos, assinalar algumas horas para se permitir perder a noção do tempo.

Perder a noção do tempo andando de bicicleta no parque com os filhos, jogando bola, indo ao cinema, passeando no shopping, comendo pipoca; fazendo um longo passeio pela trilha ecológica; viajando de carro, sem horário para chegar.

Sem horário para chegar porque poderá parar na beira da estrada para fotografar a paisagem; ou para admirar a carruagem do sol recolhendo-se; ou o voo encantador das aves migratórias; ou simplesmente para tomar um sorvete, sem pressa nenhuma.

Perder a noção do tempo contando estrelas, uma por uma, com seu amor.

Perder a noção do tempo para explodir de alegria, para gravar na intimidade da alma as cenas mais emocionantes.

Perder a noção do tempo com os amores não tem preço.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 31, ed. FEP.
Em 22.3.2017.

 

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