Era verão em Nova York. Fazia um calor sufocante, quase insuportável.
As pessoas andavam pelas ruas mal-humoradas, em visível desconforto.
Daniel Goleman, doutor em psicologia, aguardava o ônibus que o levaria de volta ao hotel.
Ao entrar no ônibus foi surpreendido com a saudação do motorista:
Oi, como vai?
Era um homem de meia-idade e largo sorriso, que repetia a mesma saudação a todos os passageiros que iam adentrando, durante o longo percurso, no denso tráfego.
Todos, como Daniel, se surpreendiam mas, porque estavam com o humor comprometido pelas condições climáticas, poucos retribuíam o cumprimento.
À medida que o ônibus se arrastava pelo centro da cidade, porém, uma transformação mágica foi ocorrendo.
Para deleite de todos, o motorista começou a fazer animados comentários sobre o cenário que os envolvia.
Há uma sensacional liquidação naquela loja. Uma exposição maravilhosa naquele museu. Estreou um novo filme no cinema ali da esquina...
Ele falava com prazer e as possibilidades que a cidade oferecia contagiaram a todos.
Ao descerem do ônibus, as pessoas haviam se despido da couraça de mau-humor com que tinham entrado.
E, quando o motorista lhes dirigiu o sonoro Até logo, tenham um ótimo dia!, todas lhe deram uma resposta sorridente.
* * *
Um único homem, sem fazer qualquer discurso inflamado, ou sem buscar argumentos mirabolantes, conseguiu, por meio de seu próprio comportamento, mudar o estado de espírito de diversas pessoas.
Aquele motorista, mesmo sem se dar conta disso, pacificava os corações daqueles desconhecidos que se faziam companheiros de um curto trajeto.
* * *
As emoções são inatas aos seres humanos.
Desde os mais remotos tempos há registros de que o homem sofre forte influência dos sentimentos, nobres ou não, em variadas situações.
Ora são motivos de crimes e de barbáries. Quando o ciúme, o ódio e a inveja invadem corações, manipulando seres e destruindo vidas.
Ora são causas de grandes conquistas e de inenarráveis feitos. Isso porque o amor, o perdão e a compaixão superam as fraquezas do ser e o impulsionam pelos caminhos do bem.
As emoções fazem parte da Humanidade e não podem ser negadas.
Elas precisam, no entanto, ser conhecidas e reconhecidas pelos seres humanos, para que possam ser educadas e desenvolvidas.
Cada um de nós pode transformar o meio em que está inserido, através da própria postura emocional, tal como esse motorista.
Podemos oferecer sorrisos sinceros e desinteressados, diálogos edificantes, capazes de alterar o humor daqueles que nos cercam.
Ou podemos optar por fechar a cara e nem sequer cumprimentar aqueles que se aproximam.
Os resultados de cada uma dessas escolhas serão colhidos por nós próprios, imediatamente ou não.
No entanto, sempre seremos os mais rapidamente beneficiados quando a nossa conduta estiver voltada para o bem-estar de todos.
Essa capacidade de controlar impulsos e educar emoções também é natural em todos os seres humanos. Basta, apenas, disposição e vontade para efetivamente desenvolvê-la.
Redação do Momento Espírita, com base no Prefácio,
do livro Inteligência emocional, de Daniel Goleman,
ed. Objetiva.
Em 3.5.2016.
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