Conta-se que há muito tempo, em um reino distante, vivia um rei que um dia anunciou ao povo que precisava, com urgência, de um domador de elefantes.
Apresentou-se um homem que se dizia perito nesse perigoso ofício.
Ele declarou ao rei que conhecia três maneiras seguras por meio das quais lhe era fácil domesticar um elefante.
Antes mesmo que pudesse descrever ao monarca os métodos que utilizava, o rei aceitou seu oferecimento, dizendo-lhe que poderia começar o trabalho na manhã seguinte.
Informou-lhe, ainda, que deveria iniciar domesticando o elefante bravio de predileção do soberano e que seria bem recompensado se obtivesse êxito.
Momentos depois, quando deixava o palácio, o vaidoso treinador passou ao lado de um grupo de servos e um desses proferiu um gracejo qualquer.
O domador não se conteve. Avançou impetuoso e colérico contra o jovem e o feriu gravemente.
Preso pelos guardas, o agressor foi levado à presença do rei.
O que foi isso? – Perguntou muito sério, o monarca. – O que se passou, afinal?
Senhor, – respondeu o domador, com tremores na voz – não poderei ocultar a verdade.
Ao sair do palácio, depois da audiência, cruzei na escada com um grupo de servos. Um deles dirigiu-me uma pilhéria.
Não me contive. Avancei contra o gaiato e castiguei-o com extrema violência. Confesso que foi tudo obra irrefletida do impulso de um momento.
O rei ponderou, com intencional frieza:
Como pretende domesticar um elefante bravio, se não é capaz de conter a fera odienta que vive dentro de você?
Aprenda primeiro, meu amigo, a dominar os seus impulsos, o seu gênio, a sua cólera.
E, numa decisão irrevogável, concluiu:
Retire-se, pois sua colaboração não me interessa. Eduque-se primeiro, para que possa, depois, educar.
* * *
Eduquemos nossos sentimentos, enquanto nos encontramos a caminho do próprio enobrecimento espiritual.
Reflitamos em tudo o que nossos atos, palavras e pensamentos estão gerando em nossa existência e na vida daqueles que nos cercam ou cruzam nosso caminho.
Considerando que dispomos de plena liberdade para orientar as nossas forças e energias, eduquemo-nos com disposição e afinco.
Tenhamos consciência de que as facilidades e os talentos que possuímos devem servir de instrumentos para nos auxiliar no crescimento moral e na iluminação espiritual.
A não ser assim, estaremos desperdiçando abençoada oportunidade.
Estaremos, apenas, acumulando tormentos e dores, frustrações e lágrimas para o porvir.
Pensemos nisso: a vida é oportunidade abençoada para que encontremos definitivamente o caminho da verdadeira felicidade.
É chegado o momento de encararmos o homem velho, que habita em nós e lapidarmos essa pedra bruta, sem brilho e com tantas arestas.
Atendamos ao convite do Mestre Nazareno: façamos brilhar a nossa luz.
Eduquemo-nos a partir de hoje, a partir de agora.
Redação do Momento Espírita, com base em conto do livro
Novas lendas orientais, de Malba Tahan, ed. Record e no
cap. 18, do livro Educação e vivências, pelo Espírito
Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 14.4.2016.
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