Depois de um dia atribulado no trabalho, Ema foi checar os recados no celular e viu que Bia havia deixado várias mensagens de voz.
Fazia algum tempo que não conversavam. Desde que Ema fixara residência em outro Estado, as conversas vinham ocorrendo com menor frequência.
O contato era feito basicamente pelas redes sociais ou e-mail.
Ema começou a ouvir os recados e foi perdendo a cor.
Bia estava atravessando momentos difíceis, tanto no campo pessoal quanto no profissional.
Queixou-se de solidão extrema, de falta de perspectiva, insegurança, desesperança, medo. Comentou que acabara de ser demitida e que o casamento naufragara. O marido a havia deixado.
Bia chorava muito e dizia não dispor de forças para prosseguir, que Deus a havia abandonado e que não havia esperança para ela. Com a voz embargada, dizia do pensamento de colocar um ponto final em tudo.
Despedia-se, agradecendo pela amizade e pelos bons momentos compartilhados.
Ema conhecia a amiga. Se ela dizia que iria colocar um fim na dor, provavelmente não estava blefando. Poderia tirar a própria vida com o objetivo de parar de sofrer.
Orou, pedindo a Deus que lhe permitisse conseguir ajudá-la. Telefonou várias vezes, sem sucesso.
Temendo o pior, tornou a erguer ao Pai uma prece de profundo amor. Que Bia fosse abraçada por energias de amor e paz, consolada e confortada.
Finalmente, conseguiu fazer contato com um amigo em comum, que se encarregou de ir o mais rápido possível até a casa de Bia verificar o que estava acontecendo.
Foram momentos angustiantes, até que o jovem retornasse a ligação, com informações.
Bia passava bem. Havia tomado um sonífero e adormecera profundamente. Mais tarde, ela mesma relatou, de forma detalhada, o que se passara.
Amiga, eu estava decidida a provocar minha morte. Comprei veneno suficiente para matar um elefante. Gravei as mensagens de despedida e tomei um sonífero para apagar logo e não sentir o efeito do envenenamento.
Quando estava prestes a ingerir o veneno, a campainha tocou insistentemente. Achei que fosse você, que viera de longe para me ver.
Era uma moça. Disse ser uma velha amiga sua e trazia um recado para mim.
Nesse momento da conversa, Bia chorava muito. Ema também.
Ela me abraçou, me beijou na testa e disse para eu ter um pouco mais de paciência, que as coisas iriam melhorar e que eu não estava sozinha como pensava.
Senti um alívio enorme. Abraçada por alguém que eu nem conhecia, senti vibrações de amor tão intensas, que não conseguia parar de chorar.
Depois disso apaguei. Despertei horas mais tarde.
Quero muito reencontrar sua amiga e agradecer. Se não fosse por ela, não estaríamos conversando agora.
Ema agradeceu mentalmente ao Pai Celestial por aquele ser de luz que aparecera em momento tão preciso.
Ela não sabia como explicar à amiga que não fazia a menor ideia do nome de sua salvadora. Sabia apenas que ela havia sido enviada por Deus.
Redação do Momento Espírita.
Em 8.4.2016.
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