Conta-se que, durante a era glacial, quando parte da Terra esteve coberta por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio e morreram.
Então, um grupo de porcos-espinhos buscou uma maneira para enfrentar o frio e sobreviver.
Os animais concordaram em se unir, se juntarem mais e mais, tentando se protegerem mutuamente.
Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro e, bem unidos, agasalhavam-se e aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno rigoroso.
Porém, a tentativa não durou por muito tempo. Os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que forneciam mais calor, aquele calor vital, que era, naquele momento, questão de vida ou morte.
Por esse motivo, afastaram-se feridos, magoados, sofridos.
Distanciaram-se uns dos outros por não suportarem por mais tempo os espinhos de seus semelhantes. Afinal, doía demais...
Não foi a melhor estratégia...
Longe uns dos outros, separados entre si, começaram a morrer congelados.
Todavia, os mais espertos decidiram se reaproximar pouco a pouco, com jeito, com muito cuidado, de tal forma que, unidos, cada qual conservasse uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem machucar, sem se causarem ferimentos recíprocos.
Foi assim que, suportando-se uns aos outros, resistiram à longa era glacial e sobreviveram...
* * *
Trata-se de uma fábula apenas. No entanto, nos convida a profundas reflexões.
O ser humano é um ser gregário, ou seja, criado para viver em sociedade.
Se assim não fosse, Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, teria distribuído os indivíduos de maneira a que ficassem isolados, sem nenhum contato.
Mas, se devemos viver juntos, por que razão a convivência é tão difícil?
Comparando com os animais da fábula, talvez cheguemos à conclusão de que a dificuldade está justamente em nossos espinhos morais.
Porque ainda somos muito egoístas, não aceitamos que as pessoas, com as quais convivemos, ajam de maneira diferente daquela que nós queremos.
Queremos moldá-las à nossa maneira de pensar, de agir, de falar, de se portar, e, até mesmo, de se vestir.
Quando elas não aceitam a nossa ingerência em suas vidas, ficamos ofendidos e nos afastamos.
Fazemos isso tão naturalmente que nem nos damos conta de como estamos ferindo os outros com a nossa forma de ser e de agir.
Mas, se o mesmo acontece conosco, imediatamente nos colocamos na defensiva repelindo qualquer tentativa que alguém faça para nos moldar ao seu gosto.
Para sobreviver nesse contexto, é preciso exercitar a tolerância para não ferir aos outros e nem nos ferirmos.
É preciso manter o respeito pelo semelhante, aceitando-o como ele é, e não como gostaríamos que fosse.
É preciso que tenhamos mais cuidado com nossos próprios espinhos, a fim de não ferirmos ninguém.
Agindo assim, todos sobreviveremos e, ao final, teremos aprendido muito uns com os outros, pois, embora essa convivência possa nos trazer, por vezes, um certo desconforto, ela é necessária para o nosso crescimento mútuo.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita,
com base em fábula de autoria ignorada.
Em 20.7.2023.
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