Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Gente humilde

Quando se pensa em homenagens, de um modo geral, se focalizam pessoas de destaque. Pessoas que realizaram grandes feitos, que influenciaram ou influenciam comunidades.

Pessoas que fazem a diferença no mundo. Pessoas cuja atuação, nas ciências, nas artes, na política, foi decisiva para a alteração de quadros tristes na face da Terra.

Contudo, existem outras tantas e especiais criaturas que merecem a mais profunda homenagem. Mães que saem à luta, todos os dias, para conseguir o pão honrado para seus filhos.

Pais que abraçam as madrugadas, antes que o sol desperte, para garantir a moradia modesta, o livro e o caderno para o filho se ilustrar.

Jovens que abandonam seus próprios sonhos para apoiar a existência de irmãos menores, providenciando-lhes o alimento, a escola, o agasalho.

Tantos heróis. Anônimos. Passam por nós todos os dias. Servem-se do transporte urbano, do metrô, sempre lotados.

Enfrentam filas no mercado popular, no armazém da família, no posto de saúde. No cansaço do rosto, levam a esperança de que o amanhã raiará mais risonho e menos difícil.

Prosseguem sem trégua porque do seu esforço e da sua faina dependem outros preciosos seres ao seu coração.

Não são notados. São eles que mantêm a limpeza das ruas das grandes cidades, das nossas casas.

São os que chegam à nossa residência e nos garantem a casa limpa, a roupa lavada e passada, a comida sempre à hora certa.

São os que erguem moradias, mesmo que não sejam eles a ocupá-las. São os que providenciam as estradas planas mesmo que não tenham carros para nelas transitar.

São os que diligenciam o pão quentinho, nas manhãs, mesmo que em sua casa somente se sirva o pão amanhecido.

Tantos trabalhadores. Tantas criaturas das quais dependemos, todos os dias. E que movimentam a máquina comercial, empresarial, a indústria...

Irmãos nossos. Muitos deles quase invisíveis ao nosso olhar.

Com certeza, para eles é que compuseram Chico Buarque de Holanda e Vinícius de Morais a música Gente humilde, imortalizada por inúmeros cantores.

É uma constatação de uma realidade que se vive. Também uma grande homenagem a esses tantos que lutam, bravamente, todos os dias, com a dignidade de quem tem consciência do próprio valor.

Pessoas que despertam o dia, alimentam as horas com seu trabalho e garantem a sua subsistência e de quem mais lhes compartilhe a vida:

Há certos dias em que eu penso em minha gente, e sinto assim todo o meu peito se apertar. 

Porque parece, que acontece de repente, como um desejo de eu viver sem me notar...

Igual a como, quando eu passo no subúrbio, eu muito bem, vindo de trem, de algum lugar...

Aí me dá, uma inveja dessa gente, que vai em frente, sem nem ter com quem contar.

São casas simples com cadeiras na calçada, e na fachada escrito em cima que é um lar.

Pela varanda flores tristes e baldias, como a alegria que não tem onde encostar.

E aí me dá uma tristeza no meu peito, feito um despeito de eu não ter como lutar.

E eu que não creio, peço a Deus por minha gente. É gente humilde, que vontade de chorar.

Redação do Momento Espírita, com versos da
  música
Gente humilde, de Chico Buarque de
Holanda e Vinícius de Morais.
Em 6.3.2023.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998