Neide nasceu numa cidadezinha do Interior. Era a mais velha de oito irmãos e, por isso, a mãe a encarregara de ajudar a criá-los.
Quando completou oito anos, seu pai morreu. Neide precisou deixar a escola para se dedicar à casa e ao cuidado dos menores, para que a mãe pudesse trabalhar.
Era ela quem dava banho, preparava as mamadeiras, fazia a comida, trocava as fraldas, limpava a casa.
À noite, exausta, deitava-se na cama e sonhava com o dia em que poderia voltar a estudar.
A vida era dura. A mãe mal conseguia ganhar o suficiente para prover as necessidades dos filhos.
Passaram fome e frio, muitas vezes.
À medida que cresciam, seus irmãos e irmãs recebiam tarefas para realizar. Dessa forma, a responsabilidade pela casa era distribuída, aliviando um pouco a carga da menina.
Aos dezessete anos, ela conheceu aquele que viria a ser seu marido.
Casou-se e mudou-se com ele para a capital.
No início, a vida na cidade grande foi assustadora. O jovem casal não estava acostumado com a maldade humana e vezes sem conta foi enganado, humilhado, perseguido.
Neide chorava e rezava a Deus pedindo forças, esforçando-se para não se deixar abater diante das dificuldades.
Seu marido, um jovem de alma nobre, sabia do grande sonho da esposa de estudar, e a incentivava.
Arrumou dois empregos para que ela pudesse trabalhar menos e ter tempo para os estudos.
Neide ia para a escola todas as noites com a alegria de quem vai receber um prêmio. Não perdia nenhuma aula.
Quando sua filha nasceu, não esmoreceu. O marido cuidava da pequena para que ela pudesse concluir o curso de enfermagem.
Era um modelo de dedicação. Enquanto algumas colegas se negavam a realizar tarefas que consideravam menos nobres, não havia tarefa que Neide se negasse a cumprir. E fazia com todo o respeito por aqueles que estavam sob seus cuidados.
No dia da formatura, professores e colegas fizeram uma homenagem à aluna que ensinara a todos uma importante lição de amor, dedicação e humildade: a enfermeira Neide.
Chamada ao microfone, ela tremia e chorava de emoção.
Não se sentia nada especial. Apenas fizera o que seu coração mandava. O que dizer àquelas pessoas que a aplaudiam?
Quando os aplausos cessaram, falou de sua infância, de como chorava à noite por não poder ir à escola, nem ter o que comer, o que vestir e o que calçar.
Contou de suas preces a Deus para que a ajudasse a realizar seu sonho de estudar.
Tenho certeza de que Deus ouviu minhas preces. Ele me deu um marido amoroso, que sempre me incentivou e apoiou. E colocou em meu caminho pessoas que me ajudaram.
Todas as noites agradeço por ter saúde, poder trabalhar, ter o que comer, ter uma família, ter conseguido realizar meu grande sonho.
Acho que sou a pessoa mais feliz do mundo e sou grata por isso.
Quando terminou, plateia, professores e colegas não conseguiam conter as lágrimas.
Estavam diante da pessoa mais simples e também a mais rica do mundo!
Redação do Momento Espírita.
Em 18.3.2016.
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