Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena, afirmou o poeta português Fernando Pessoa.
Sonhos jamais podem ser deixados de lado, ainda que as condições para realizá-los sejam, por vezes, as mais inóspitas.
Foi quando Íris tinha apenas um ano de idade que a artista plástica Aline Giuliani e o skatista profissional Ricardo Porva descobriram que a filha era portadora de uma doença degenerativa denominada AME – atrofia muscular espinhal.
Tal doença leva ao prejuízo dos movimentos básicos relacionados ao andar, ao sentar e ao equilíbrio da cabeça, entre outros.
Onze anos se passaram.
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Segundo Aline, unir o skate à reabilitação da filha foi como unir dois mundos diferentes.
Os pais usaram um skate comum e uma órtese colada nele para que Íris pudesse manter os pés fixos. Além disso, uma gaiola com rodinhas permite que a filha fique suspensa por meio de um colete de segurança e de cabos.
Dessa forma, Íris pode se manter em pé de maneira segura na prancha sobre rodas, enquanto os pais, também em seus skates, a acompanham.
Aline conta que, desde que descobriu a gravidez, o marido dizia que o filho ou a filha iria praticar o esporte.
Mas quando descobrimos a AME, andar de skate já não era mais prioridade. O importante era fazê-la feliz, complementou ele.
Nós fixamos a gaiolinha no skate para que ela pudesse ter maior liberdade de andar, revela a mãe. Vimos a felicidade estampada no rosto dela. Isso não tem preço.
A história da família e da luta dos pais de Íris virou tema de um curta-metragem intitulado Antes que os pés toquem o céu, obra do cineasta Renato Cabral.
E a batalha continua: Ricardo e Aline, que moram em Uberlândia, Minas Gerais, tentam levar para a cidade um centro de reabilitação para que outras crianças da região sejam atendidas.
Afinal, para muitos, AME pode ser a sigla de uma doença.
Porém, para esses pais e para aqueles que trabalham incansavelmente na promoção do bem, em favor da dignidade humana e em nome da caridade, ame é um verbo, flexão imperativa, um lema a ser seguido...
Pois que amar é um ato de coragem, de desprendimento, de persistência, de humildade, de gratidão, de resistência, de tolerância e um exercício constante de encontrar o Criador, no ser amado.
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Quem de nós nunca desejou que todos os nossos sonhos, como num passe de mágica, fossem realizados?
Contudo, já pensamos, alguma vez, que podemos ser um agente realizador de sonhos?
Quantos são os que, neste instante, sonham com um abraço reconfortante, uma visita, um gesto de carinho. Quantos sonham com o perdão de suas ofensas, um amigo, uma oportunidade de emprego e até mesmo com uma refeição.
A realidade é que, se olharmos à nossa volta, sempre haverá oportunidade de servirmos. Sempre haverá sonhos a serem realizados.
E tudo, absolutamente tudo, vale a pena quando não tornamos nossa alma pequena por conta do egoísmo e do orgulho.
Sonhemos. Realizemos sonhos. Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base em
dados biográficos da Família Ricardo Porva.
Em 10.3.2016.
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