Luísa possuía muitos amigos queridos. Desde criança aprendera com os pais a cultivar as boas companhias:
Respeito, minha filha, é o primeiro grande passo que devemos dar ao nos aproximarmos de alguém.
Tratar os demais da mesma maneira que desejamos ser tratados é um fermento abençoado para fazer crescer a consideração das pessoas.
Fidelidade com os acordos, seriedade no cumprimento dos deveres e afabilidade só nos fazem bem.
Dividir o pão, o tempo, a amizade com todos os que partilham conosco a vida.
Como Luísa valorizava tais ensinamentos!
Parece que essas palavras conservavam seus pais próximos ao seu coração, mesmo tendo ambos partido para a Espiritualidade, há anos.
Por isso, ela tinha um número invejável de bons amigos. E era amiga sincera dos mesmos.
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Na fase madura da vida, ao aniversariar, teve uma surpresa muito grande ao receber cumprimentos de mais de uma centena de amigos próximos e distantes.
Lia e relia as palavras simpáticas e gentis, agradecida a todos, com lágrimas nos olhos.
Começou por selecionar algumas frases que gostara, outras que a emocionaram.
Dentre as muitas, destacou uma que se intitulava: Bênção irlandesa e que dizia:
Que o caminho seja brando aos teus pés, que o vento sopre leve em teus ombros.
Que o sol brilhe cálido sobre tua face, e que as chuvas caiam serenas em teus campos.
E até que eu de novo te veja, que Deus te guarde nas palmas de Suas mãos.
Como não valorizar uma amizade, que permanece aquecendo nosso coração, enchendo nossa alma de um sentimento sadio e tranquilo?
Como não agradecer aos pais que nos mostram os caminhos mais seguros, firmes e corretos?
Como deixar de enaltecer a bênção Divina, que nos concede, na Terra, semelhante felicidade?
Em circunstâncias assim é que começamos a entender que na vida, as nossas alegrias, felicidades e realizações, partem de dentro de cada um de nós.
O mundo pode estar abalado nos seus alicerces sociais, materiais e morais.
A vida pode se apresentar recheada de agruras, dificuldades e maldades.
As pessoas podem se apresentar desorientadas, neuróticas, deprimidas.
Mas, se tivermos contado com a felicidade da presença de bons orientadores na construção de nosso alicerce moral;
se tivermos aprendido a simplificar nossa vida, tornando-a mais leve e segura;
se tivermos valorizado as oportunidades difíceis com a fé e a esperança;
se tivermos sido verdadeiros amigos das pessoas que nos confiaram sua amizade, teremos construído um reduto seguro e delicado na profundidade de nossa alma.
Poderemos gozar de segurança, bem como continuar a dividir essa riqueza com todos os que nos rodearem.
Teremos vivido em paz, e feito jus à vida que Deus nos deu.
Redação do Momento Espírita, com citação dos versos
de Antiga bênção irlandesa, de autoria desconhecida.
Em 27.2.2016.
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