Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone A mulher que não devia viver

Com um tratamento adequado, no qual se incluíam vitaminas e injeções, ela chegaria, no máximo, aos vinte e cinco anos de idade. Talvez aos trinta.

Esta foi a previsão dos médicos na ocasião do seu nascimento, em 20 de fevereiro de 1942.

De qualquer forma, ela não merece viver, sentenciariam os nazistas que queriam livrar o povo alemão de pessoas como ela.

Quando Gisela Grober nasceu, em Riedlingen, na Alta Bavária, a eutanásia infantil havia sido implantada no Terceiro Reich.

E os seus diminutos olhos oblíquos, sua face arredondada, uma cardiopatia e um cromossomo a mais não deixavam dúvidas: seu diagnóstico era o seu atestado de morte.

Naquela época, todo médico, toda parteira, toda maternidade era obrigada a relatar o nascimento de crianças com deficiência.

Contudo, no caso desse bebê da Bavária, parece que todos os envolvidos em seu nascimento, milagrosamente, fecharam os olhos às suas particularidades: e esta foi a sua salvação.

Atualmente, a senhora de setenta e três anos faz parte de um limitado grupo de idosos alemães, com Síndrome de Down, que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial.

*   *   *

A mulher que não deveria viver não sabe de nada disso.

Hoje, se interessa somente pelas figuras de seus livros de história. Ela desconhece as letras.

Não se aborrece com política, mas sim com os portões dos jardins que são esquecidos abertos, fechando-os, um a um, quando passa por eles.

Então comemora, como se tivesse feito uma travessura. E quando ri, o seu rosto se ilumina, parecendo um sol, com vários raios em torno dos enrugados olhos azuis.

Gisela é cidadã ilustre na pequena cidade alemã.

Na padaria, ganha guloseimas. Na paróquia, é tão conhecida quanto o padre. Todos se voltam para ela durante a missa quando, num dialeto somente seu, formula frases e orações quase incompreensíveis e, vez ou outra, gargalha de alegria.

Acompanhada de seu irmão e cuidador, quando passa próximo ao cemitério, diz: Oi, mamãe. Então, olhando em direção à sepultura, recita o bordão de sempre: Felicidades para o seu aniversário e que você esteja no céu, junto de Deus.

Desde a morte de sua mãe, Thilde, Gisela diariamente vai ao jazigo para essas conversas, expressando, dessa forma singela, sua tristeza, sua saudade.

Ninguém sabe ao certo como ela sobreviveu. Estima-se que em torno de cinco mil crianças não tenham tido a mesma ventura.

Mas o fato é que, no auge dos seus setenta e três anos, com alguns problemas de saúde, é verdade, decorrentes da idade, ela continua a ser uma mulher ativa, brincalhona e risonha.

Em casa, estou sempre feliz, afirma.

*   *   *

A vida de cada um de nós é presente Divino.

Entretanto, usufruir desta dádiva com sabedoria, valorizá-la e fazer deste dom, pois que a vida é um dom, mão de progresso pelas vias da eternidade, é dever de cada ser em marcha de evolução.

Não espere o amanhã para ser feliz. Não espere o amanhã para viver. Não espere o momento perfeito para dizer aos seus amores o quanto você os ama, para realizar um sonho, para conquistar seus objetivos. Nada é impossível!

Seja. Ouse. Faça. Acredite. Viva.

E viva com abundância!

Redação do Momento Espírita, com base em
dados biográficos de
Gisela Grober, disponíveis no site
 
http://www.badische-zeitung.de/panorama/die-frau-die-es-nicht-geben-duerfte.
Em 18.2.2016.

 

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