Andamos de cabeça baixa. Fugimos para dentro dos smartphones, tablets, computadores.
Estamos escondidos ali, na maravilhosa tecnologia, que, por vezes, nos aproxima, e outras nos afasta.
Antes aguardávamos numa fila, numa sala de espera, num elevador, e as circunstâncias nos faziam manter um contato visual, ao menos. Os mais ousados até puxavam uma breve conversa, um sorriso.
Os que andamos de cabeça baixa, hipnotizados pelos eletrônicos, nem sequer precisamos mais saber quem está ao nosso lado. Estamos ali, mas não estamos.
Como eram as pessoas que estavam conosco na sala do consultório? Quem entrou no elevador ao nosso lado? Demos bom dia? Sorrimos?
Andamos distraídos. Caminhamos por ruas sem enxergar por onde estamos indo, sem perceber os detalhes do caminho. Estamos ali, mas não estamos. Estamos sempre um passo adiante de nós mesmos – ansiedade.
Naturalmente, a vida mesma responde aos distraídos de uma forma nada agradável: tropeçamos, nos acidentamos, passamos por mal-educados, antipáticos.
Andamos de cabeça baixa. Alguns estamos tristes por não sabermos ao certo aonde queremos chegar, por não entendermos porque estamos aqui ou, ainda, por colocarmos a culpa de nossa infelicidade sempre em tudo lá fora: Se as circunstâncias não mudarem, não serei feliz.
Mas... e quando chegar o Natal?
Quando chegar o Natal será que veremos as luzes?
Será que o olhar já não terá se acostumado com outras tantas coisas, que as luzes não mais nos surpreenderão?
Quando chegar o Natal será que teremos disposição para olhar para o Alto; olhar para o outro; olhar para dentro?
Será que ouviremos as músicas, nos emocionaremos com as histórias, sensibilizaremos nossos corações?
Será que ainda lembraremos dos detalhes daquele nascimento tão grandioso e, ao mesmo tempo, tão simples? Dos pais amorosos, da manjedoura, dos animais, da noite tão feliz?
Será que recordaremos do significado de tudo isso? Que não foi um sonho ou uma invenção de religiosos, mas a chegada de Alguém que iria nos servir de Guia e Modelo para sempre?
Talvez seja preciso voltar, voltar ao início de tudo, pois parece que muitos de nós nos perdemos ao longo da estrada.
Estamos distantes de onde deveríamos estar. Estamos fora de nós mesmos. Estamos vivendo em nossos problemas, em nossos desejos, em nossa cobiça.
E, se não voltarmos a tempo, mais um Natal irá passar e não estaremos aqui para aprender com Jesus. Não estaremos aqui para ouvir a história do nascimento mais uma vez. Não estaremos aqui para ver as luzes.
Andamos de cabeça baixa. Decepcionados com tudo, pessimistas, sem esperança... como se o mundo não tivesse um comando Maior, como se, por trás de tudo, uma Inteligência Suprema não regesse a História de forma perfeita.
Tudo está onde deveria estar, pois nós determinamos assim. Quando quisermos, com toda nossa vontade, que seja diferente, assim será.
* * *
O Natal está chegando mais uma vez... Estaremos aqui para recebê-lo?
Redação do Momento Espírita.
Em 16.12.2015.
Escute o áudio deste texto