Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Exercício de amor

Quem de nós já não se decepcionou com um amigo? Alguém a quem se entregou o coração e, em algum momento, nos traiu a confiança ou nos voltou as costas?

Alguém de quem esperávamos todo o apoio e nos falhou, na hora precisa?

Qualquer uma dessas circunstâncias nos magoará e se constituirá em quebra da afeição.

Por essa razão, a lição de dois meninos é tão marcante.

Eles haviam nascido no mesmo dia, mês e ano. Um era judeu. O outro, alemão.

Nove anos era a idade deles. Um era natural da Polônia e habitara uma casa, com vários cômodos, em cima da relojoaria do seu pai.

Um dia, tudo lhe foi tirado e ele se viu prisioneiro, em meio a outros milhares, padecendo fome. Para vestir, um estranho pijama listrado, com boné no mesmo padrão.

O outro nascera em Berlim, vivera numa casa muito grande, de três andares. Agora, residia no campo e vivia a reclamar da casa menor e da falta de amigos.

Encontraram-se, um dia, um de cada lado de uma interminável cerca de arame farpado. Bruno, o menino alemão, se sentia solitário e se pôs a conversar com o outro.

Nenhum dos dois entendia muito do que acontecia ao seu redor. Mas se tornaram amigos. Viam-se todas as tardes.

Um dia, ao entrar em casa, Bruno viu ali o amigo do pijama listrado. Lustrava os cristais com seus dedos miúdos.

Bruno se serviu de um lanche e ofereceu ao outro, sempre faminto.

Mal colocara na boca um pedaço de frango, adentrou a cozinha um oficial. Vendo que o pequeno prisioneiro estava comendo, o inquiriu, de forma grosseira, acusando-o de furtar comida.

Sem malícia alguma, o menino disse que fora seu amigo quem lhe ofertara o lanche.

Mas Bruno estava tão assustado com a truculência do oficial, com a inquirição que lhe era feita, que se deixou tomar pelo pavor.

E, apavorado, negou conhecer o outro, negou ter-lhe dado comida, o que, para aquele valeu violento castigo.

Dias passados, Bruno retornou ao local onde costumava encontrar o amigo. Havia tristeza e muitos hematomas no rosto do aprisionado.

Peço desculpas, disse Bruno. Tive muito medo, naquele dia. Você ainda quer ser meu amigo?

E, então, a mão esquálida do judeu se estendeu para o lado de fora da cerca. Bruno a apertou.

Era a primeira vez que se tocavam. Era o toque da amizade sólida, que sempre perdoa.

*   *   *

Amizade é um exercício de amor. Amor de amigo é inigualável. Já disse Jesus, ao seu tempo, que o amigo dá a sua pela vida do amigo, santificando assim esse sublime sentimento.

Por isso, o amigo perdoa as fraquezas do outro, perdoa as suas falhas e continua amigo.

Felizes aqueles que enflorescem a alma com amizade, enriquecendo-se de paz, granjeando gratidão pelos caminhos que percorre.

Redação do Momento Espírita, com base em
cenas do filme
O menino do pijama listrado.
Em 20.11.2015.

 

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