Há muitas situações que têm servido de justificativa para que as pessoas se entreguem à dor e à infelicidade.
Para alguns é a distância do ser amado, ou a ausência de um verdadeiro amor.
Para outros é o desemprego, a falta de recursos materiais, que afasta o conforto e o bem-estar, deixando-os à mercê da sorte e da caridade alheia.
Há aqueles que sofrem porque têm o corpo tomado por inclemente enfermidade, que sentem a vida física esgotar-se diária e paulatinamente, de modo irreversível.
Outros, ainda, consideram-se miseráveis pela traição de que foram vítimas ou pela calúnia ardilosa que os levaram à solidão e ao abandono.
Alguns se entregam à apatia quando se veem afastados dos seres amados, em virtude do transe da morte.
São circunstâncias dolorosas que atingem os seres de modo inevitável.
No entanto, por mais cruéis que possam parecer, não podem, verdadeiramente, ser consideradas desgraças reais.
São tidas como desgraças por aqueles que só veem o presente.
A verdadeira desgraça está nas consequências de um fato, mais do que no próprio fato.
Por vezes, um acontecimento considerado feliz num primeiro momento, acaba acarretando consequências infelizes logo em seguida.
Por outro lado, fatos que, inicialmente, causam viva contrariedade, com o passar do tempo, acabam produzindo algum bem.
Tal, por exemplo, a tempestade que arranca árvores, mas que saneia o ar, dissipando os miasmas insalubres que causariam a morte.
Para julgar qualquer fato é necessário antes ver quais são as suas consequências.
Para bem apreciar o que é, em realidade, ditoso ou inditoso para o homem, precisamos nos transportar para além desta vida, porque é lá que as consequências se fazem sentir.
Tudo o que se chama infelicidade, segundo as acanhadas vistas humanas, cessa com a vida corporal e encontra a sua compensação na vida futura.
Sob este novo aspecto constata-se que a verdadeira infelicidade está no tumulto, na vã agitação, na satisfação louca da vaidade, que fazem calar a consciência e oprimem a ação do pensamento.
A infelicidade é o ópio do esquecimento que ardentemente se procura conseguir.
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Diante das dificuldades da vida não nos cabe cair no desânimo nem nos entregar à melancolia.
São inatas no Espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor.
Porém, a felicidade não é deste mundo, como asseverou Jesus, mas começa aqui.
Durante o nosso estágio na Terra, enquanto cumprimos as missões que Deus nos confiou, sejamos fortes e corajosos para enfrentar as tribulações que se apresentem.
Nossas dores, em verdade, duram pouco e, se enfrentadas com bravura, serão capazes de nos conduzir à companhia dos amores pelos quais choramos.
Tais batalhas íntimas, se travadas com resignação e fé, serão para nós a garantia de, em um futuro mais ditoso, encontrarmo-nos em região já livre das aflições da Terra.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. V,
itens 24 e 25, de O Evangelho segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 18.11.2015.
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