Ninguém vai lhe tirar a razão quando você afirmar que o trabalho que desenvolve é áspero, monótono, doloroso ou mesmo exasperador.
Não haverá quem duvide, quando você alega que todos os dias precisa obedecer ao mesmo rito: acordar cedo, preparar-se, sair de casa, enfrentar as ruas, o trânsito, os chefes, os empregados, os bons e os maus momentos dos negócios.
Essa cotidiana ansiedade costuma impor-lhe o desejo de parar, de concluir o tempo do “castigo”, de ganhar numa qualquer loteria e nunca mais precisar trabalhar.
Ou de aposentar-se para poder aproveitar a vida, descansar, viajar, cansar-se de novo e ir descansando, até não poder mais.
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Isso tudo tem a ver com a condição evolutiva dos habitantes da Terra.
Tudo isso faz sentido, em função do ponto de vista da equivocada maioria.
Não devemos perder, contudo, a consciência de que será preciso trabalhar com valor, a fim de que o trabalho nos devolva os prêmios de uma digna atividade.
Uma vez que precisamos trabalhar para dar conta dos deveres materiais da vida terrena, durante longo tempo, por que não fazê-lo com satisfação? Se não for possível com alegria, pelo menos com disciplina e boa vontade.
As pessoas que precisam do nosso trabalho, seja no comércio, na indústria, nos serviços, ou no que for, merecem o respeito da nossa atenção e o brilho da nossa boa disposição em servir.
Nada pior do que ser atendido por alguém de má-vontade, que descarrega no freguês ou no cliente o mau humor decorrente da sua insatisfação consigo mesmo, com fornecedores, com entregadores, com repartições, com patrões ou com empregados.
Os que dependem do nosso escritório, da nossa assinatura em papéis, das nossas avaliações e pareceres são dignos da nossa competência, da nossa presteza e alegria em atendê-los. É terrível ser vítima da burocracia conscientemente consentida.
É ato de inaceitável covardia moral alguém valer-se da posição que ocupa em qualquer área da sociedade, a fim de pesar negativamente sobre os outros ou exteriorizar seus conflitos de poder e de mando sobre quem não pode defender-se.
Como a vida costuma nos devolver o que a ela oferecemos, trabalhar com alegria e prestar serviços nos dão a certeza de um futuro melhor, quando as leis de Deus nos reconduzirem à vida terrestre.
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O grande poeta e jornalista brasileiro, Olavo Brás Martins de Guimarães Bilac, versejando a respeito do trabalho, escreveu:
Tal como a chuva caída, fecunda a terra, no estio,
Para fecundar a vida, o trabalho se inventou.
Feliz quem pode, orgulhoso, dizer: “nunca fui vadio:
E, se hoje sou venturoso, devo ao trabalho o que sou!”
É preciso, desde a infância, ir preparando o futuro;
Para chegar à abundância, é preciso trabalhar.
Não nasce a planta perfeita, não nasce o fruto maduro;
E, para ter a colheita, é preciso semear...
Lancemos à terra a semente do nosso trabalho de boa qualidade. Trabalhemos com alegria, com essa certeza de que podemos fazer a diferença, no mundo.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 32,
do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito
Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e no
poema O trabalho, de Olavo Bilac.
Em 20.10.2015.
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