Desde algum tempo, uma grande mobilização se iniciou em nosso país e no mundo, com o intuito de acabar com a fome.
Todos se mobilizam no ideal de saciar a fome dos corpos. Ação mais do que justa.
O assunto, contudo, não é novo. O problema da fome sempre rondou a Humanidade, em épocas variadas.
O autor Amado Nervo, em seu livro Plenitud, capítulo Todos têm fome, escreve: Neste orbe, todos têm fome: fome de pão, fome de luz, fome de paz, fome de amor.
Este é o mundo dos famintos. A fome de pão, melodramática e ruidosa, é a que mais comove, porém não é a mais digna de comiseração.
Existe a fome de amor. Muitos desejam ser amados, ter alguém que os queira e passam pela vida sem ninguém que lhes conceda uma migalha de carinho.
Há os famintos de luz. Espíritos que anseiam por conhecimentos e não conseguem ter a sua fome atendida.
Finalmente, a fome de paz que atormenta a quantos trazem os pés e o coração a sangrar.
Muita sabedoria encerram estas palavras. A fome do corpo é uma só. Mas a fome do Espírito apresenta várias faces, cada uma de efeitos mais alarmantes.
A fome de pão atinge somente o indivíduo. Não contamina a terceiros. As outras espécies de fome generalizam suas consequências e comprometem a coletividade.
A fome de amor, de luz e de paz fomenta muitas tragédias. Quem não se sente amado, quem não tem luz e nem paz é a criatura que se torna manchete como promotora de crimes terríveis.
O crime, nos seus aspectos mais variados, resulta de uma falha moral, de um nível baixo de Espiritualidade, de um desequilíbrio psíquico.
A grande solução está na educação convenientemente compreendida e ministrada. Educação que se volta para o ser espiritual.
Dessa forma, a Humanidade encontrará a sua solução na educação.
Educar a criança é semear o bom grão. É preparar uma nova sociedade. É criar um mundo melhor onde habitará a justiça.
Um mundo onde reinará a solidariedade, garantindo o pão para todos.
Um mundo de fraternidade que a todos oferecerá ensejo de revelar suas capacidades.
É tempo de investir na transformação do indivíduo. É tempo de deixarmos de permanecer alheios ao processo cuja eficácia é indiscutível na melhoria individual e social: a educação.
Cabe-nos, assim, o engajamento na luta contra a fome.
Voltemos nossa atenção para a escola. Eduquemos a criança no lar, desde pequena.
Naturalmente, é um projeto a longo prazo. Trata-se do preparo e cultivo do solo que, após os devidos cuidados, produzirá frutos de acordo com a sementeira feita.
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Para atender a fome do corpo, basta um pedaço de pão.
Para atender a fome generalizada do ser humano, necessária se faz a luz da razão, que espanca as sombras de quem avança em sofrimento ou limitação.
E educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do Espírito, para que este se torne luz, adquira paz e exercite o amor.
Redação do Momento Espírita, com base no
cap. 25, do livro O mestre na educação, de
Pedro de Camargo, ed. FEB.
Em 10.10.2015.
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