Momento Espírita
Curitiba, 24 de Novembro de 2024
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ícone Generosidade e superação

Ele é reconhecido como um dos dez melhores contadores de histórias do mundo.

Sua própria história rendeu um livro. E um filme, premiado pela UNESCO. Hoje, ele é um pedagogo de quase cinquenta anos, pai adotivo de vinte e cinco filhos.

Aos seis anos, foi parar na extinta Fundação para o Bem-estar do Menor, levado por sua mãe, que achava que aquele seria o caminho para, um dia, ter um filho doutor.

Quando começou a sofrer maus-tratos, fugiu. Ele tinha sete anos e foi a primeira de cento e trinta e duas fugas.

Acabou sendo transferido para outras cidades e perdeu o contato com a família. Aos treze anos, foi tachado de irrecuperável.

No entanto, um ato generoso mostrou àquele menino que ele poderia fazer a sua história diferente. A pedagoga francesa, Margherit, visitando a instituição, não se conformou com aquela sentença.

Ela olhou profundamente nos olhos de Roberto Carlos e conversou com ele. Foi a primeira vez que alguém lhe disse: Com licença, Por gentileza.

Margherit quebrou os prognósticos estabelecidos para aquele garoto fujão: o analfabetismo e a marginalidade.

Ela o ensinou a ler, o adotou e o levou para morar com sua família, em Marseille, na França. E na escola, Roberto Carlos conheceu outras realidades.

Ele contava a sua história, sempre se colocando como vítima. No entanto, conheceu filhos de exilados, órfãos de países orientais, crianças que haviam vivido e presenciado guerras.

Descobriu que ele poderia continuar a ser vítima ou buscar construir uma história diferente para si.

Inspirado por aquela mulher, ele voltou, posteriormente, ao Brasil, reconhecendo que no seu país era o seu verdadeiro lugar.

Voltou para Minas Gerais, a terra natal, reencontrou a mãe e os irmãos. Formou-se em pedagogia. E foi fazer estágio na mesma FEBEM, em que fora um dos internos.

Seu maior objetivo: tirar dali o máximo de meninos, para que tivessem a chance de refazer as suas vidas. Em dois anos e meio, adotou seus primeiros oito filhos.

E os ajudou a reescrever a própria história, utilizando a regra: ter sonhos e planos.

Comenta ele: Ninguém dorme tranquilo sabendo que o próximo está mal. Eu precisava fazer algo.

Nossa família foi formada com a ideia de que, se a ajuda de alguém foi fundamental para nós, é preciso que seja retribuída e compartilhada. Assim, todos se tornam responsáveis uns pelos outros.

E o contador de histórias diz que acredita que toda história pode ter final feliz. A prova disso, conclui, é que a história que mais conto é a minha.

Aprendi que, antes de ser respeitado, eu precisava me respeitar.

E foram as minhas experiências que me tornaram o que sou, um contador de histórias e palestrante internacional.

Meu trabalho, hoje, só existe porque conto esta minha narrativa de generosidade e superação. O ser humano tem predisposição para o bem. É só olhar direito para ver que todos possuem uma capacidade de superação fantástica.

*   *   *

A história do menino, recordista de fugas da FEBEM, é verdadeiramente fantástica. E tudo mudou a partir de um ato de generosidade.

Depois foi superação, autoestima elevada e vontade de retribuir o bem recebido.

Redação do Momento Espírita, com base no texto
 
Recontador de histórias, de Jaqueline Li, da
revista
Sorria, de dez 2013/jan.2014, ed. MOL.
Em 29.9.2015.

 

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