Um casal de velhos vivia no pé de uma colina. Não tinham filhos e moravam longe da família. Plantavam parreiras, diferentes tipos de árvores e ervas.
Certo dia, passaram por lá um mestre e seu aluno. O jovem estranhou ver um casal tão velho plantando parreiras.
Mestre, disse o rapaz, por que aquele homem e aquela mulher estão plantando parreiras se eles provavelmente não viverão o bastante para saborear as uvas?
O mestre esboçou um sorriso e disse:
Por que você não pergunta a eles?
Cheio de ansiedade, foi o jovem indagar, depois de um bom dia apressado:
Por que vocês estão plantando parreiras nessa idade? Vocês acreditam que irão comer as uvas que elas darão, daqui a alguns anos?
O homem olhou para a mulher, depois olhou para o alto da colina, onde ambos haviam plantado, anos atrás, carvalhos e outras árvores que agora davam sombra aos que passavam por ali.
Estendeu a mão para ela, que entrelaçou seus dedos nos dele, e disse:
O que é bom...
... nunca se perde, concluiu a esposa.
O rapaz não entendeu bem o sentido, agradeceu, deu meia volta e retornou para perto do mestre, contando afobadamente o que tinha escutado e de que forma um havia completado a frase do outro.
Quando ouviu o relato, o mestre disse:
Esse casal, provavelmente, haverá de saborear as uvas daquelas parreiras.
E foram seguindo pela estrada enquanto o casal de idosos abria uma nova cova para plantar outra muda, sem se importar se viveriam o bastante para poder usufruir de sua sombra ou de seus frutos.
* * *
Pessoas que realizam coisas boas, pelo simples prazer de fazer o bem, possuem ampliada capacidade de amar. Superaram o egoísmo.
Quando fazemos algo pensando no bem comum, na melhoria de vida para a coletividade, sem nos focarmos apenas em nós ou em nosso círculo familiar e de amizade, deixamos uma marca positiva no mundo.
Todo o bem que for concretizado não se perde. Mesmo que ninguém na Terra jamais saiba o que fizemos, que não recebamos elogio ou agradecimento, Deus vê tudo e sabe o que existe no íntimo de nossos corações.
É comum ouvirmos pessoas dizerem que querem deixar um mundo melhor para seus filhos. Se refletirmos um pouco, veremos que esse pensamento é portador de uma ideia egoísta, pois o mundo não deve ser melhorado apenas por causa dos próprios herdeiros, mas para todos os que nele vivem e viverão.
Devemos lembrar que os filhos não viverão sozinhos no planeta. É preciso prepará-los para que saibam cooperar, compartilhar e produzir coisas para que o mundo seja um lugar bom para a Humanidade.
Na atualidade, usufruímos de coisas que foram idealizadas, construídas no passado, por pessoas que não visavam apenas seus parentes e familiares.
Quando o egoísmo perder força e o amor e a caridade forem a mola propulsora da Humanidade, a Terra será um verdadeiro paraíso.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no conto Um casal de velhos,
de Gioia Timpanelli, do livro Histórias sagradas – uma exaltação do
poder de cura e transformação, organizado por Charles e
Annie Simpkinson, ed. Rocco.
Em 21.9.2015.
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