Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Prece de retorno

Meu bom Deus, depois de muito tempo, resolvi ter uma conversa Contigo.

Houve época em que eu costumava Te falar, abrir meu coração.

Desde a infância fui habituado à prece, ao diálogo Contigo.

Cresci e bem recordo que, ainda durante minha adolescência, costumava Te falar. Falava-Te das minhas conquistas e dos meus desatinos, dos ideais acalentados e das batalhas a vencer.

Reconhecia-Te como meu Pai e Te entregava meus anseios, minhas ilusões e meus fracassos. Acreditava-Te forte e em Tua força confiava.

Assim atravessei os dias de minha mocidade. Foi aí que os nossos diálogos se tornaram mais espaçados e mais curtos.

Não sei bem o que aconteceu, mas algo foi mudando em mim.

O trabalho, a busca pelo sucesso, a carreira profissional fizeram com que fosse Te deixando em segundo plano.

Quando as dores chegaram, tentando me despertar, já não Te busquei.

Afinal, a revolta se instalara em meu ser. Porque idealizara uma vida plena de amor, que não se concretizou.

Arquitetara viver em tranquilidade financeira e somente reveses me alcançaram. As desilusões foram se somando e eu me tornando mais e mais frio, distante de Ti.

Embora me despertasses toda manhã com os beijos da aurora, deixei de Te buscar.

Qual uma concha, fui sempre mais me fechando, tornei-me amargo e arredio.

Hoje sou um homem triste.

Olho as pessoas sorrindo e me pergunto por que o fazem.

Guardo inveja dos que trazem nos braços seus amores.

A poesia e a música não me sensibilizam mais a alma. Ouço falar de Ti. Percebo as lágrimas de emoção dos que Te amam, ao mencionar-Te a presença generosa. E sinto-me vazio e só.

Senhor, por isso tudo hoje venho Te buscar. Desejo voltar a sentir prazer em viver. Alegria ao despertar e contemplar o sol majestoso dourando a paisagem.

Quero emocionar-me com as paisagens de luz, com a sinfonia da passarada.

Sinto-me tão velho e enrugado. Minh'alma parece um pergaminho amarelo e dobrado. Sinto o corpo vergado ao solo. Contudo, apenas estaciono na madureza física.

Algo dentro de mim parece ter sido crestado.

Senhor, sei que, se eu beber da fonte cristalina do Teu amor, retornarei aos dias de outrora.

Inunda-me com Tuas bênçãos para que eu possa outra vez vibrar com o vento, o sol, as estrelas.

Quero sentir novamente prazer em abraçar um irmão, em ouvir o riso infantil, em contemplar o desabrochar de uma flor.

Mais do que tudo, Senhor Deus, quero voltar a ser aquele menino que, confiante, olhava os astros faiscantes no céu e Te agradecia pelas pérolas de luz que espalhavas.

Ajuda-me a retornar ao Teu regaço e como o salmista, teça poemas de ventura e gratidão ao Teu amor infinito.

*   *   *

Deus a todos concede o Seu amor. No entanto, se a criatura não aprendeu a orar, não poderá senti-lO e dele se beneficiar.

Oração é ponte de ligação entre o Céu e a Terra, entre o Pai e os Seus filhos.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 9.1.2014.

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