Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Perdoar de verdade

Irene tinha saúde, filhos saudáveis, desfrutava de uma vida confortável e acreditava possuir um casamento feliz. Até descobrir que seu marido a traía.

A realidade a fez acordar bruscamente. Seu mundo implodiu, houve troca de acusações. Ela disse coisas duras e ouviu queixas difíceis de digerir.

O divórcio, apesar de desgastante, foi civilizado. Em nome do bem-estar dos filhos, o ex-casal decidiu manter uma relação de cordialidade para evitar que as crianças sofressem em demasia.

Contudo, lá no íntimo, Irene não conseguia superar.

O ex-marido procurava estar presente na vida dos filhos, enquanto ela buscava motivos para afastá-lo e criar problemas. No fundo, queria que ele se sentisseferido da mesma forma que se sentia ferida.

Quando soube que ele pretendia se casar novamente, teve um acesso de raiva. Como ele ousava passar por cima dos sentimentos dela, daquela forma?

Incentivada por uma amiga, buscou apoio em um grupo, onde foi acolhida, orientada e aconselhada a administrar a mágoa e exercitar o perdão.

Com o passar do tempo, foi parando de falar dele com raiva e de fazer exigências descabidas. Parecia ter superado a mágoa e perdoado.

Porém, ao ouvir a notícia de que o pai de seus filhos estava com um problema muito sério de saúde, que poderia abreviar sua vida, Irene sorriu e murmurou um bem feito dissimulado.

Na primeira oportunidade, eufórica, comentou o fato com amigos.

Alguém perguntou se ela não havia perdoado o ex-marido. Afinal, um largo tempo havia transcorrido, desde a traição que conduzira ao divórcio.

Perdoei, sim. Mas, quem faz, paga! E Deus fez justiça por mim.

*   *   *

Quantas vezes ouvimos alguém dizer que perdoou, mas que fica à espera de que algo ruim aconteça ao ofensor?

Quantas pessoas revivem mágoas, relembram palavras ofensivas e, apesar de não tomarem nenhuma atitude contra quem as feriu, torcem para que uma desgraça as alcance e se sintam vingadaspela injustiça de que foram vítimas?

E quantas delegam para Deus a tarefa de vingá-las?

O perdão verdadeiro implica não cultivar desejo de vingança.

Quando remoemos mágoas, raiva, inconformismo, alimentamos sentimentos negativos que intoxicam a alma e prejudicam nossa saúde e nossa evolução.

Desejar que um ofensor seja punido por Deus demonstra total desconhecimento das Leis Divinas, especialmente da Lei de Amor.

Deus não pune ninguém. Ele deseja que amemos nosso próximo como a nós mesmos, o que implica perdoar aos que nos ofendem.

O nosso perdão deve ser incondicional, o que significa não desejar o mal a quem nos magoou, feriu, maltratou. Significa nos alegrarmos em lugar de nos aborrecermos com o bem que os atinge; estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade e abster-nos, por atos e palavras, de tudo o que possa prejudicá-los.

Devemos, enfim, pagar o mal com o bem, sem a intenção de humilhar.

Agindo assim, estaremos seguindo verdadeiramente o que Jesus nos ensinou. E estaremos nos libertando de quem quer que nos tenha magoado, ofendido. Isso porque somente o amor liberta.

Redação do Momento Espírita, com base no item 3,
do cap. 12, de
O Evangelho segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 3.8.2015.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998