Joey era uma criança com desenvolvimento aparentemente adequado até que, aos onze anos, foi acometido de Síndrome do Pânico.
Mostrava um medo profundo de lugares abertos e públicos e ficou quase um ano confinado ao quarto.
Após onze meses de tentativas de tratamento, finalmente, um psiquiatra lhe receitou o remédio que apresentou efeito terapêutico adequado.
A causa desse distúrbio psíquico, disseram os médicos, fora uma disfunção de aprendizado não percebida, que acabara por se refletir em sua área psicológica.
Com o controle da Síndrome do Pânico os pais enfrentaram um novo desafio: encontrar uma escola especializada em disfunções de aprendizado.
No entanto, as escolas contactadas não o aceitavam, alegando que seus alunos possuíam apenas distúrbios educacionais e não emocionais e que não estavam preparadas para recebê-lo.
A mãe desejava matriculá-lo em uma escola que ficava perto de sua casa e que desfrutava de excelente reputação. Mas a matrícula foi várias vezes negada.
Certa noite, a mãe compareceu a uma festa de caridade. Sentou-se ao lado de uma mulher chamada Bárbara, que ela conhecia vagamente.
Repentinamente, sem saber como, a genitora do garoto se viu abrindo o coração àquela senhora, sobre as dificuldades em matricular seu filho.
Ao final da narrativa, Bárbara, emocionada, disse-lhe, para sua surpresa, que era vizinha do fundador e diretor da escola desejada, além de contribuir para a mesma. Prometeu-lhe ajuda.
Através de sua influência, Joey foi finalmente aceito para o ano seguinte e, durante o tempo que lá estudou teve excelente aproveitamento, figurando, pela primeira vez na vida, entre os melhores alunos.
Um ano após aquele encontro o marido de Bárbara faleceu.
A mãe de Joey compareceu ao funeral e, ao ver uma mulher ao lado da viúva, indagou sua identidade a uma pessoa. Era a filha de Bárbara. Neste momento a emoção foi imensa. Sua memória voltou vinte e cinco anos no tempo.
Lembrou-se de sua viagem de formatura de segundo grau. Ela se oferecera para dividir o quarto com uma aluna que entrara em sua turma naquele ano. Chamada de retardada pelas colegas, a caloura sofria forte preconceito.
Seus olhos se encheram de lágrimas: vinte e cinco anos antes ela ajudara, voluntariamente, a filha de Bárbara e, há um ano, sem nada saber, esta ajudara seu filho!
* * *
Talvez nossa mente ainda não tenha a capacidade de reter todas as lembranças vivas no que chamamos de memória, mas, felizmente, a memória Divina é infalível.
Quando fazemos o bem sem interesse oculto, o feito não passa despercebido.
A Lei de Causa e Efeito jamais falha, mesmo que muito tempo se passe, pois o tempo nada significa na imensa jornada que nosso Espírito empreende em busca de sua evolução.
Todo o bem que fazemos a outrem é como semente que plantamos e cujos frutos, cedo ou tarde, haveremos de colher.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base no artigo intitulado
A semeadura, de José Ferraz, publicado na Revista Presença Espírita
de novembro/dezembro de 2009, ed. LEAL.
Em 14.7.2015.
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