A tia costumava visitar as sobrinhas todos os domingos. Chegava sorrindo, abraçava as meninas com carinho e sempre trazia uma história nova, uma guloseima e uma brincadeira divertida.
As duas adoravam o que ela fazia. O fim de semana ganhava cor e alegria.
Sem que as meninas percebessem, ela aproveitava as brincadeiras para lhes transmitir alguns conceitos nobres.
Percebendo que uma das sobrinhas estava muito influenciada pela cultura de aparências, julgando tudo e todos de forma superficial, idealizou uma estratégia para lhe abrir os olhos, de maneira delicada, porém efetiva.
Começou a levar pacotes muito lindos, com laços coloridos de fitas de cetim e outros pacotes amassados, feitos com sacos de pão reaproveitados. Dentro dos pacotes, colocava doces e pequenos mimos que as sobrinhas apreciavam.
A mais velha pegava logo os mais lindos e brilhantes, deixando os pacotes rotos e desgastados para a caçula.
A pequena protestava mas, quando via o conteúdo dos embrulhos se calava, sorria e ia saltitando para o quarto.
A tia continuou levando aqueles presentes para as meninas durante semanas. Mal chegava, a mais velha tomava para si os embrulhos bonitos e deixava os que considerava feios para a menorzinha, que os pegava ansiosamente e desaparecia pela casa.
A maior começou a estranhar a conduta da irmã, porque nos seus pacotes havia biscoitos e balas de que ela nem gostava tanto.
Na visita seguinte da tia, resolveu pegar um pacote amassado. Abriu e viu que estava repleto com os doces mais finos e deliciosos, seus preferidos.
Espantada, olhou para a tia e para a irmã, que acabava de chegar. Pediu para olhar o que havia no pacote brilhante e enfeitado.
Ao abri-lo, viu o mesmo conteúdo de sempre: biscoitos e balas que ela achava sem graça.
Confusa, com os olhos arregalados, perguntou à tia por que dava a ela sempre os piores biscoitos, enquanto a irmã ganhava os melhores doces.
Não fui eu quem deu. – Respondeu a tia, sorrindo. - Foi você quem escolheu o embrulho e deixou o outro para sua irmã. Foi você quem sempre escolheu o pacote bonito e desprezou o outro.
A menina se deu conta de que nunca questionara o conteúdo dos pacotes. Achava que fossem iguais.
Então esse tempo todo eu perdi meus biscoitos e balas preferidos?
Sim, afirmou a tia. Perdeu a oportunidade de comer seus doces preferidos porque se deixou levar pela aparência do embrulho.
A irmã caçula, então, finalizou a conversa:
Da próxima vez que você tiver que escolher alguma coisa e ela vier numa embalagem que você considera feia, dê uma chance e olhe dentro para não se arrepender depois.
* * *
Muitas vezes nos deixamos levar pelas aparências e sequer nos damos a oportunidade de conhecer melhor uma pessoa, ou um produto.
Levados pelo que vemos por fora, concluímos que a beleza exterior reflete uma beleza interior. Mas nem sempre é assim.
Lembremo-nos disso quando estivermos prestes a julgar alguém ou algo por sua aparência.
Redação do Momento Espírita.
Em 29.6.2015.
Escute o áudio deste texto