Carlos tinha uma irmã. Toda vez que saía, ele precisava levá-la junto.
E Terry, no conceito do irmão, não era uma boa companheira para as brincadeiras. No jogo de bola, vivia deixando a bola cair.
No jogo de pique, ficava correndo à toa, parecendo folha que o vento carrega de um lado a outro. Enfim, ela não entendia as regras e fazia tudo errado.
Antes do Natal, ele foi ao Shopping Center para comprar um presente para a avó. Como sempre, Terry foi a tiracolo.
E como sempre, atrapalhou. Carlos se sentiu obrigado a comprar uma boneca boba, só porque ela não parava de dizer: linda, linda. E não queria sair daquele balcão.
De mau humor, quando Terry pediu para ir ao banheiro, ele simplesmente apontou a porta, ao fundo do corredor, e a deixou ir sozinha.
Ele a viu tropeçar duas vezes nos degraus. Ela estava toda alvoroçada por estar indo sozinha a um lugar.
Cansado de esperar, depois de dez minutos, considerando a irmã a pessoa mais lerda do mundo, foi procurá-la.
Mas ela tinha desaparecido. Estava perdida. Ele começou a subir e descer escadas. Andou por todos os corredores. Perguntou a pessoas. Nada!
O remorso começou a tomar conta dele. O que diriam seus pais? Com certeza, pensariam que ele fizera de propósito, para ver-se livre dela de uma vez por todas.
E se não a encontrasse nunca mais? Começou a lembrar do cartão de aniversário que ela lhe dera. Sua mãe lera vários cartões e ela escolhera um que dizia: Para o meu querido irmão.
Recordou de quantas vezes Terry enxugava a louça, no lugar dele, porque ela gostava.
Lembrou de como ela conseguia fazer o bebezinho rir, quando ele ficava irritado, por causa dos primeiros dentinhos.
Começou a chorar. E se alguém a estivesse maltratando? E se ela estivesse sozinha e apavorada?
Foi andando mais depressa. As lágrimas escorrendo pelo rosto.
E quase caiu em cima de Terry. Ela estava sentada no chão, com um garotinho no colo. A mãe dele fazia compras e logo elogiou o jeito dela para lidar com bebês.
Carlos teve vontade de gritar com a irmã, bater nela! Queria que ela soubesse o quanto ele tinha ficado assustado com a ideia de perdê-la.
Mas não fez nada disso. Somente deu-lhe um grande e apertado abraço.
Tomou-a pela mão e foram para casa. E descobriu que amava muito aquela irmã. Que ela era importante para a sua vida.
Hoje, ele tem um trato com sua mãe: Metade das vezes que sai para brincar com os amigos, ele vai com Terry. A outra metade, vai sozinho.
E toda vez que ela sai com ele, Carlos a leva com a maior boa vontade.
Este ano, quando Terry fez aniversário, Carlos lhe comprou um cartão com os dizeres: Para uma irmã maravilhosa.
E era de coração.
* * *
Ante as limitações de um filho, aprende a observar os demais. Na tua maturidade de pai ou mãe, auxilia-os a se entenderem e se amarem.
Explica ao saudável das carências do outro. Mas não lhe carregue os ombros com a incumbência total de atender ao irmão.
Lembra que, por vezes, ele mesmo pode estar se sentindo preterido pelas tantas atenções que o outro desperta.
Ajuda-o para que se amem, cresçam e conquistem louros da vida, juntos.
Redação do Momento Espírita, com base no livro
Minha irmã é diferente, de Betty Ren Wright,
ed. Ática.
Em 3.6.2015.
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