A vingança é uma espécie de justiça bárbara, de tal maneira que quanto mais a natureza humana se inclinar para ela, tanto mais deve a Lei exterminá-la.
Porque a primeira injúria não faz mais que ofender a Lei, ao passo que a vingança da injúria põe a Lei fora do seu ofício.
Estas são algumas considerações do filósofo e ensaísta inglês Francis Bacon sobre esse movimento de revide do mal, que ainda tem tanto poder em nós.
Ele acrescenta: De certo, ao exercer a vingança, o homem iguala-se ao inimigo; mas, passando sobre ela, é-lhe superior; Porque é próprio do príncipe perdoar.
O que passou, passou, e é irrevogável; Os homens prudentes já têm bastante que fazer com as coisas presentes e vindouras; não devem, portanto, preocupar-se com bagatelas como o trabalhar em coisas pretéritas.
Por que hei-de ficar ressentido com alguém, apenas pela razão de que ele mais ama a si próprio do que a mim? E se alguém me fez mal, apenas por pura maldade, então, esse é unicamente como a roseira e o cardo que picam e arranham apenas porque não podem de outra forma proceder.
Destas sábias colocações, que refletem igualmente o pensamento cristão, retiramos reflexões muito importantes:
Você sabia que quando se vinga, torna-se igual, ou mais baixo que seu ofensor?
Você sabia que quando não aceita uma ofensa, ou um mal qualquer, este mal permanece com quem o criou e não o atinge?
Você sabia que quando gasta seu tempo, suas energias, planejando e cultivando sentimentos de vingança, deixa de produzir o bem?
Por isso, é tempo de tomarmos o controle de nossas emoções, de domarmos nossos sentimentos inferiores, percebendo que só temos a ganhar se deixarmos de odiar.
Este é o início do perdão.
Talvez você ainda não esteja preparado para perdoar certas coisas que lhe aconteceram, por serem recentes ou mesmo muito traumáticas. Não se preocupe.
O perdão é um processo. Um passo de cada vez. E o primeiro passo trata da autopreservação, isto é, de cuidar da sua saúde, física e mental, pois quem guarda mágoa está se envenenando, diariamente, sem saber.
Assim, o primeiro passo é: deixe de odiar.
Conforme tão bem disse o pensador citado:
Por que hei-de ficar ressentido com alguém, apenas pela razão de que ele mais ama a si próprio do que a mim? E se alguém me fez mal, apenas por pura maldade, então, esse é unicamente como a roseira e o cardo que picam e arranham apenas porque não podem de outra forma proceder.
Sim, há pessoas num estado de desequilíbrio tão avançado, enfermos da alma, que só conseguem agir dessa forma, infelizmente.
Ainda irão despertar, ainda terão que se corrigir e arcar com suas responsabilidades, mas, não será o ódio, nem a vingança, que irão conseguir esse intento.
Por isso, siga adiante... Você é maior do que tudo isso. Você não merece viver encarcerado no ódio. Pense em sua saúde, pense em sua família, nos que o amam verdadeiramente. Esses lhe querem ver bem, e não adoecido.
É preciso ser maior do que a vingança, do contrário ela nos consumirá aos poucos.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
Da vingança, do livro Ensaios, de Francis Bacon,
ed. Vozes.
Em 20.5.2015.
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