O filósofo Francis Bacon disse que a amizade duplica as alegrias e divide as tristezas. Cícero afirmou que um amigo é como se fosse um segundo eu.
Poetas, compositores e escritores, ao longo dos séculos, criaram obras enaltecendo o valor e a importância dos amigos.
Ouve-se muito sobre amizade, mas, será que pensamos sobre os mecanismos que aproximam e unem as pessoas nessa relação?
Nos primórdios da Humanidade, quando imperava a regra do cada um por si, o outro era visto como ameaça, alguém que precisava ser afastado ou eliminado.
No entanto, a solidão e o isolamento, num mundo repleto de adversidades, dificultava a sobrevivência. Dessa forma, para superar obstáculos e assegurar alimento, abrigo e proteção, os seres humanos passaram a se agrupar.
O interesse e a necessidade de sustentar a vida fez com que os núcleos familiares abrissem espaço para estranhos. Eles ajudariam a cobrir os pontos fracos, garantindo o êxito nas caçadas, nas colheitas, na defesa da prole, entre outras vantagens.
Contudo, aceitar alguém estranho no grupo familiar também configurava um risco. Caso o forasteiro tivesse intenção de eliminar seus concorrentes, por causa de alimento ou território, estaria próximo o bastante para aprender os pontos fracos daquele grupo.
O que diferenciava um possível rival infiltrado de um colaborador e parceiro era o sentimento que o mantinha conectado ao grupo.
Um amigo contribui para o progresso e a harmonia de seus companheiros. O inimigo trama sua desestabilização.
Interesse, cobiça, inveja, desejo de possuir o que é do outro podem aproximar as pessoas, mas não as mantêm unidas para o crescimento comum.
São sentimentos que exploram, drenam e destroem. Uma vez esgotado o objeto do interesse, cada um toma seu caminho. Isso, certamente, não é amizade.
Laços de afeto, simpatia, amor, aproximam os que vibram numa mesma sintonia e os mantêm ligados.
Quando acolhemos uma pessoa com quem não possuímos relação de consanguinidade, ou quaisquer outros interesses, mas pela qual sentimos grande afinidade, estabelecemos com ela uma união mental.
É comum ouvir que amigos são a família que escolhemos. Em verdade, há amigos que são até mais próximos que os próprios familiares. Tornam-se realmente da família, numa dimensão que extrapola a vida material.
No mundo moderno, não nos agrupamos mais para caçar alimento, nos proteger de animais ferozes e enfrentar as dificuldades comuns aos nossos ancestrais.
No entanto, enfrentamos outras adversidades, materiais e morais, que também nos fragilizam e abalam.
Nesses momentos, ter amigos ao nosso lado nos encoraja e fortalece, ajudando-nos a superar os percalços. Quando tais laços têm origem no amor, respeito e empatia, superada a crise, a amizade continua ainda mais vigorosa.
O ser humano não é autossuficiente. Não possui todas as faculdades, habilidades e competências necessárias para seu desenvolvimento.
Ele necessita da vida em sociedade para aprender e exercitar o auxílio recíproco. A amizade é uma das mais belas formas dessa prática.
Redação do Momento Espírita.
Em 23.5.2015.
Escute o áudio deste texto