Havia um povo que morava ao pé da montanha. Suas vidas transcorriam em paz, enquanto eles se esmeravam no amanho da terra, cultivando flores e árvores frutíferas.
Formavam uma grande família, onde uns auxiliavam os outros, no cuidado com as crianças, a disciplina aos jovens, a educação da madureza.
No alto da montanha, uma outra comunidade se desenvolvia.
Eram criaturas não tão gentis, nem tão disciplinadas.
Um povo desconhecia o outro, porque as vias de acesso eram íngremes, tomadas por densa mata.
Um belo dia, o povo da montanha resolveu descer ao vale, na busca de riquezas. Surpreendeu-se ao descobrir pessoas trabalhadoras, de bom trato e tão solidárias.
Encantou-se com seus pomares e jardins e, por observar como eles enfrentavam tudo com disposição, auxiliando-se mutuamente, decidiram levar uma semente daquela preciosidade para a sua vila.
Assim, escolheram uma criança. Um bebê lindo de olhos brilhantes, através dos quais parecia traduzir a sua inteligência aguçada. E, quando empreenderam sua viagem de retorno, o raptaram, desaparecendo entre a vegetação abundante, montanha acima.
A pobre mãe, ao descobrir o berço vazio, caiu em quase desespero. O Conselho da Comunidade se reuniu. Os homens optaram por se unirem e resgatar o pequenino.
Juntaram provisões, cobertores, roupas quentes, pois imaginavam que à medida que subissem, teriam que enfrentar os ventos gélidos, que soprariam violentos.
Partiram. Os dias passaram lentos e angustiantes para toda a pequena cidade. Os olhos a cada instante se voltavam para cima, no intuito de ver se a expedição retornaria vitoriosa.
Finalmente, os homens regressaram... Mas de mãos vazias. Embora seus esforços, as várias tentativas, eles haviam se perdido entre as trilhas da montanha e não tinham conseguido encontrar o caminho que os conduziria ao povo de cima.
Estavam arrasados, sentindo-se fracassados e até envergonhados em ter que confessar sua incapacidade em vencer a montanha e trazer de retorno o pequenino habitante raptado.
Foi então que um leve choro de bebê lhes chamou a atenção. Voltaram-se todos na direção do som e viram a pobre mãe que tivera seu bebê raptado vir ao encontro deles.
Nos braços, ela trazia um invólucro precioso. Era o seu bebê. Ela estava com as roupas rasgadas pelos espinheiros, a pele queimada pelo frio, mas o bebê estava todo enrodilhado em uma manta, protegido. São e salvo.
Como você conseguiu? Como, se nós, homens vigorosos e treinados em andanças, não conseguimos encontrar a trilha certa e vencer a montanha? Como você, uma mulher, sozinha, conseguiu ir até o topo e resgatar o bebê?
E a mãe, aconchegando ainda mais ao peito o fardo pequenino, sorriu e respondeu:
Muito simples. Eu consegui porque era o meu bebê que estava lá em cima.
* * *
De todos os amores que existem na Terra, o amor de irmãos, de amigos, de namorados, de esposos, nada mais sublime que o amor de mãe.
É o amor que ama, mesmo que não receba retorno algum do ser a quem se dedica. Tem a capacidade de sobreviver a todas as tragédias e continuar fiel, mesmo ante guerras de ingratidão e sofridas batalhas de solidão.
Felizes todos aqueles de nós que valorizamos o amor grandioso e incondicional dessa mulher chamada mãe.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Movendo montanhas,
do livro Histórias para aquecer o coração das mães, de Jack Canfield,
Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff,
ed. Sextante.
Em 9.5.2015.
Escute o áudio deste texto