Ao nos percebermos na iminência de concluir uma etapa, de encerrar um período da vida, é natural que necessitemos de momentos para reflexões e análises.
Ao final de nossos ciclos, seja de um ano, seja depois de um período em uma empresa, ou ao nos mudarmos de cidade, quase inevitável refletir sobre o período que se encerra.
Assim também ocorre quando percebemos chegar ao fim o ciclo desta existência.
Desde Elizabeth Klüber Ross, eminente desbravadora do assunto, vários são aqueles que vêm estudando o fenômeno da morte, e a reação dos que estão na iminência da partida.
Múltiplos são os relatos de experiências de profissionais que trabalham com pacientes terminais.
Assim fez Bronnie Ware, enfermeira americana que, em seu livro, cita que um dos arrependimentos mais comumente citados por seus pacientes é não ter tido coragem de expressar seus sentimentos.
Em uma breve análise de como nos relacionamos com nossos afetos, percebemos como isso é uma verdade marcante.
De modo geral, nos deixamos levar por falsas necessidades externas e acabamos esquecendo de escutar nosso coração.
Frequentemente, nos preocupamos com nossa posição, nossa imagem perante os outros e a sociedade, permitindo-nos guiar pelo orgulho, que acaba ditando o nosso proceder, e calamos nossos sentimentos.
De outras vezes, nos embaraçamos com sentimentos menores, brigas e desentendimentos corriqueiros.
E fazemos isso de tal forma que concedemos importância e valor a esses pormenores, em detrimento do que efetivamente pulsa em nosso coração.
Como resultado, passamos nossa vida a valorizar sentimentos que, efetivamente, não são os mais significativos.
Quanto tempo gastamos na semana para discutir e reclamar com nossos filhos ou para pequenas brigas domésticas?
Porém quanto desse tempo é dedicado para lhes dizer como eles são importantes para nós?
Qual a frequência com que nos pegamos criticando e analisando o comportamento, a ação de um amigo, de um ente querido?
Em contrapartida, quanto do nosso tempo investimos para lhes dizer como eles preenchem nossa emoção e nossos dias?
Quantas de nossas amizades se desfazem por uma conversa que não aconteceu, uma pergunta que não foi feita, um esclarecimento que não buscamos?
E quase sempre, isso ocorre porque nos deixamos levar pelo orgulho ou pela presunção, que dispomos em grande dose, e não agimos como nosso sentimento desejaria.
Com essas atitudes, ao longo dos anos, pouco daquilo que vive em nosso coração passa pelos nossos lábios.
Agindo assim é natural que, chegado o momento de concluir a existência, tenhamos profundo arrependimento de não ter dado vazão aos verdadeiros sentimentos.
Por isso, enquanto é tempo, pensemos o quanto conduzimos aos nossos lábios aquilo que efetivamente mora em nosso coração.
Utilizemos nosso tempo para buscar a reconciliação e o entendimento após a discussão, pequena ou de grandes proporções.
Não nos permitamos encerrar o dia em crise com nossas amizades, com nossos amores.
Logo mais, a vida, transitória, passageira, nos irá conduzir a outras paragens.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 11.4.2015.
Escute o áudio deste texto