Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone A explosão da raiva

Ela havia acordado irritada, por conta de uma noite mal dormida, fruto de uma discussão na noite anterior.

Levantou-se lentamente, como se carregasse uma carga muito grande, pesada demais para seu corpo.

Sentia-se cansada e desanimada. Mal olhou pela janela.

Não viu o sol se mostrando num raio multicolorido. Não ouviu os pássaros cantando.

Não deu atenção para a suave brisa que embalava os galhos das árvores.

Foi checar as mensagens no celular e constatou que estava sem sinal. Tentou ler os e-mails no computador e notou que estava sem conexão.

Sua indignação se misturou ao cansaço e à irritação da noite anterior. Um turbilhão de raiva se formou em seu interior.

Assim que o sinal retornou, apanhou o telefone e discou. Mal ouviu a voz da funcionária do atendimento, descarregou sobre ela sua insatisfação por conta dos sucessivos problemas ocorridos.

A moça ouviu palavras ríspidas, num tom de voz que lhe feria os ouvidos.

Terminada a enxurrada de reclamações, a atendente fez uma pergunta que pareceu irônica aos já irritados ouvidos da consumidora. Foi a gota que faltava.

Despejou na jovem toda a fúria que sentia, acrescida da frustração que carregava. Sua ira não distinguia o que era de âmbito pessoal do profissional. Tudo se misturava e jorrava de sua boca como lava destrutiva.

Não falava, gritava. Sentia-se desrespeitada em seus direitos de consumidora e desrespeitava o ser humano que estava do outro lado da linha.

Totalmente desequilibrada, não conseguia se conter. Atacava ferozmente quem julgava ser a causa de seu aborrecimento.

A operadora tentou falar, mas foi interrompida, de forma brusca. Pensou em cortar a ligação, mas sabia que o sistema retornaria a chamada e concluiu que pioraria a situação.

A mulher estava muito nervosa. Teve um mal estar e acabou desligando.

Do outro lado da linha, a funcionária suspirava pesadamente. Depois de outros telefonemas como aquele, teve um ataque de pânico e acabou sendo afastada do trabalho.

O problema que motivara o telefonema não foi resolvido e as duas terminaram o dia com grande sobrecarga emocional, desequilibrando o corpo e a mente.

*   *   *

Quantas vezes, abalados por questões pessoais, acabamos despejando sobre os outros, ao menor sinal de contratempo, nossas angústias e irritações, sem avaliar que eles, nem sempre, são responsáveis pelos nossos problemas.

Cegos pela raiva, não ouvimos, pois a ira não permite o diálogo. Ela afasta a razão e a consciência de que estamos lidando com alguém que, como nós, também tem sentimentos.

Ao nos depararmos com questões graves e importantes, é preciso ter em mente que a pessoa que nos atende poderá não ter a solução de que necessitamos no momento, mas poderá ajudar a conduzir o problema de maneira menos desgastante. Tudo dependerá da forma como nos posicionarmos.

Se nos irritarmos e agredirmos, difícil se tornará o entendimento. Se buscarmos o diálogo e a conciliação, descobriremos recursos que ajudarão a encontrar a melhor solução possível.

Redação do Momento Espírita.
Em 25.3.2015.

 

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