Às vésperas do Natal, chegou a nota, por e-mail, lacônica e terrível. Todos os cursos da Faculdade estavam sendo encerrados.
Alunos e professores ficaram estarrecidos, desarvorados.
Que presente de Natal! – Comentaram alguns.
Uma professora, em especial, vestiu-se de tristeza. Lecionando há bastante tempo, naquela Universidade, ela tinha muitos compromissos assumidos, contando com o salário dos próximos meses. Agora, lhe parecia que o chão lhe fora retirado de sob os pés.
Começou a fazer contas, a pensar onde buscar nova colocação. Naturalmente, nuvens de preocupação lhe cobriram a face, a tal ponto que o filho, de apenas cinco anos, percebeu.
E, ouvindo comentários aqui, ali, foi imaginando, em sua cabecinha, o que significava desemprego. Era, com certeza, algo muito ruim porque sua mãe estava triste.
Assim, em certo momento, achegou-se a ela e perguntou:
Mamãe, se a senhora tivesse dinheiro, poderia comprar seu emprego de volta?
Como assim? – Indagou ela, não captando o exato sentido da pergunta.
Eu quero saber se a senhora, tendo dinheiro, pode ir na faculdade e comprar seu emprego de volta.
Verificando a preocupação do menino, ela lhe explicou o que era emprego, ou seja, exatamente o propiciador de recursos para as necessidades da família.
E, preocupada com o que poderia estar atormentando seu filho, resolveu indagar:
Mas, por que você está perguntando isto?
Nada não. É que se precisasse de dinheiro para conseguir seu emprego de volta, eu queria lhe dar as moedas do meu cofrinho. Não quero lhe ver triste.
* * *
Filhos? Melhor não tê-los. – Escreveu, certa vez, Vinícius de Moraes.
Mas, que grande alegria se perderia, que grande amor se deixaria de vivenciar.
Os anos haverão de rolar, muitas coisas boas e ruins acontecerão na vida daquela mãe.
No entanto, pode-se afirmar com toda a certeza de que jamais ela esquecerá a oferta do filho, singela, inocente: todo seu tesouro, guardado a pouco e pouco, suas moedinhas, para acabar com a tristeza de sua mãe.
Isso se chama amor. Amor de filho.
Filhos são gemas preciosas que Deus envia aos corações dos pais para os plenificar de grandeza.
Maravilhoso gerar um filho. Ser cocriador com a Divindade.
Extraordinário vê-lo se desenvolver dia a dia, descobrindo o mundo ao seu redor. Acompanhar-lhe os passos, as pequenas conquistas: ficar de pé, andar, subir e descer degraus, relacionar-se com o mundo, dominar seu próprio espaço.
Dominar o mundo das letras, das formas, dos números. Descobrir o milagre da junção dos vocábulos, a riqueza das frases, a poesia dos versos.
Vê-lo crescer e tornar-se um homem. Cidadão. Alguém que colabora positivamente com o mundo.
Realmente, não tem preço a ventura de ter filhos. Não tem preço ter filhos que tenham tanto amor por nós que desejem dar tudo que têm para nos ver felizes.
Mesmo que esse tudo sejam somente as moedas de um cofrinho.
Filhos? Que maravilha tê-los. Que presente amá-los, de forma intensa e inigualável.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.3.2015.
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