Momento Espírita
Curitiba, 24 de Novembro de 2024
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ícone O tesouro de Bresa

Houve outrora, na Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de se tornar riquíssimo.

Um dia, parou à sua porta um velho mercador da Fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes.

Por curiosidade, Enedim examinou as bugigangas oferecidas quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos.

Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava apenas três dinares.

Era muito dinheiro para o alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em lhe vender o livro por apenas dois dinares.

Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido.

Qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda: O segredo do tesouro de Bresa.

Que tesouro seria esse?

Recordava, vagamente, de ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando.

Mais adiante decifrou: O tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo.

Interessado, o alfaiate se dispôs a decifrar todas as páginas daquele livro para se apoderar de tão fabuloso tesouro.

Entretanto, as primeiras páginas eram escritas em caracteres desconhecidos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus.

Em função disso, ao final de três anos, ele deixou a profissão de alfaiate e passou a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros.

Passou a ganhar muito mais e a viver em confortável casa.

Continuando a ler o livro, encontrou páginas cheias de cálculos, números e figuras.

Para entendê-las, estudou matemática e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas.

Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.

Por força da leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos do seu país, o que lhe valeu a nomeação de primeiro-ministro daquele reino.

Passou a viver em suntuoso palácio e tratava com príncipes e poderosos do mundo.

Graças ao seu trabalho e ao seu conhecimento, o reino progrediu, trazendo riquezas e alegria para todo o povo.

No entanto, ainda não desvendara o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro.

Certa vez, teve a oportunidade de questionar um venerando sacerdote a respeito que, sorrindo, esclareceu:

O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa saber e Harbatol quer dizer trabalho.

*   *   *

Com estudo e trabalho pode o homem conquistar tesouros inimagináveis.

O tesouro de Bresa é o saber que qualquer homem esforçado pode alcançar, por meio dos bons livros, que possibilitam tesouros encantados àqueles que se dedicam ao estudo com amor e tenacidade.

Redação do Momento Espírita, com base em conto do livro
Os melhores contos, de Malba Tahan, ed. Record.
Em 21.1.2015.

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