É comum presenciarmos, no trânsito, espetáculos lamentáveis de ira e de descontrole.
Dias atrás, em uma manhã fria e cinzenta de uma capital brasileira, um carro, sem dar o sinal correspondente, simplesmente avançou para a pista da esquerda quase atingindo uma moto que passava ao seu lado.
Embora o incidente pudesse ter causado danos e prejuízos, em verdade, nada aconteceu.
Não houve colisão e ninguém se feriu.
No entanto, o motociclista visivelmente irritado com o ocorrido, pôs-se a perseguir o veículo de forma nervosa e, quando o alcançou, agrediu verbalmente seu condutor.
Não considerando isso suficiente, chutou por diversas vezes a lataria do carro, entre berros e xingamentos.
Foi uma cena deprimente e que só não teve consequências mais nefastas porque o motorista do carro não manifestou qualquer reação, retirando-se, sem revidar a agressão.
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Toda vez que o indivíduo reage, dominado por qualquer tipo de violência, os atos que disso decorrem são manifestações dos instintos agressivos que nele predominam.
Quando, ao invés de revide ou de autodefesa, age com equilíbrio e compaixão pelo opositor, é um resultado de expressão da inteligência.
O instinto, por vezes se exterioriza armado, em mecanismo de autodefesa, preservando a própria vida.
E, geralmente, leva ao desespero e suas reações produzem desarmonia mental toda vez que se exalta e se acredita em risco.
A inteligência, por sua vez, quando liberada dos artifícios do instinto, aclara a situação, mesmo quando desagradável, propondo soluções de bem-estar e de efeitos saudáveis.
Os instintos são essenciais à vida porque preservam as heranças do desenvolvimento antropológico do ser e continuam agindo com os seus automatismos para a conservação do corpo.
A inteligência é fundamental para a conquista do infinito, porque oferece recursos que tornam a qualidade de vida muito melhor.
O instinto, quando desenvolvido e educado, torna-se um sentido a mais, vigilante no organismo em defesa de sua estrutura biológica, e a inteligência é a luz balsâmica a conduzi-lo no labirinto das agressões externas que o ser deve enfrentar.
Judas, movido por instinto infeliz, de medo e de ambição desmedida, enganou-se, traindo Jesus.
Maria Madalena, guiada pela inteligência, libertou-se dos instintos vis que a dominavam, encontrando Jesus e libertando-se do vício.
Pilatos lavou as mãos, por instinto, evitando envolver-se na trama da covardia farisaica e, por falta de inteligência lúcida, comprometeu-se de modo vil, desperdiçando abençoada oportunidade que se lhe apresentava.
Guiado pela inteligência iluminada pelo sentimento de amor, o instinto se transforma em instrumento de felicidade.
Em todas as circunstâncias da vida, no trânsito, no trabalho, na família, compete-nos recordar que as reações violentas são resultado de um instinto ainda pouco depurado, enquanto que o exercício do verdadeiro perdão é uma demonstração inequívoca de inteligência e de caridade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro
Lições para a felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.LEAL.
Em 20.1.2015.