A cansada ex-professora se encaminhou ao caixa do supermercado. Sua perna esquerda doía e ela esperava ter tomado todos os comprimidos do dia. Um para pressão alta, outro para a tonteira e outros tantos para as suas demais enfermidades.
Pensando em sua vida, agradeceu a Deus por ter se aposentado há alguns anos, porque sentia que não tinha mais energia para ensinar.
Antes de chegar na fila do caixa, viu um rapaz com quatro crianças e a esposa grávida. Ela não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço.
Logo deduziu que ele estivera preso. Aquele tipo de tatuagem parecia muito próprio de presidiários.
Continuou a observá-lo. Ele vestia camiseta branca e calças largas. Trazia o cabelo raspado.
Pensou que ele era membro de uma gangue. E por isso, tentou deixar que o homem passasse na sua frente, na fila.
Você pode ir primeiro. – Ofereceu.
Não, a senhora primeiro. – Insistiu ele.
Ela ainda disse que ele estava com crianças e a mulher grávida. Era justo que fosse atendido antes.
Com um gesto largo e um sorriso, ele indicou o caminho para a ex-professora e disse:
Por favor, adiante-se. Devemos respeitar os mais velhos.
Ela aceitou e caminhou, mancando, na frente dele. A professora que ainda existia nela não pôde desperdiçar o momento. Virando-se para ele, perguntou:
Quem lhe ensinou boas maneiras?
O homem respondeu rápido: A senhora, professora, na terceira série.
* * *
Todo professor é um semeador. Exatamente como na parábola narrada pelo Mestre Jesus, algumas sementes poderão cair à beira do caminho, serem pisadas e comidas pelas aves do céu.
Poderão cair sobre pedras e, por não terem raízes, após um tempo, fenecerem.
Ou então cair entre espinhos e por eles serem sufocadas. Mas as que caem em terra boa, crescem e dão frutos.
Como toda semente é única, uma dará frutos à proporção de trinta por um, outra cinquenta por um e outra ainda setenta e cem por um.
O importante é se saber que toda semente lançada ao solo, cedo ou tarde, frutifica. Por isso mesmo, todos somos convidados a semear a boa semente, sem a preocupação da colheita.
Às vezes, enquanto semeamos pode nos parecer que tudo é vão, mas os conceitos de honestidade, respeito, dignidade, que lançarmos ao solo da infância, algum dia se manifestarão.
Assim, não nos cansemos de ensinar e exemplificar. O tempo transcorrerá, muitas situações haverão de se modificar. Contudo, a boa semente permanece no coração e rende frutos.
* * *
A aparente inocência da infância oculta bagagens alicerçadas ao largo de séculos de existências.
Dessa forma, educá-la significa trabalhar para podar ou inibir a ação dos elementos perniciosos trazidos em sua intimidade.
Ao mesmo tempo, incentivar as conquistas felizes, maduras e nobres.
A infância bem educada dará ensejo à juventude bem estruturada, em termos gerais. Essa, por sua vez, propiciará o surgimento de uma sociedade de adultos honrados, honestos, fraternos.
Em resumo, um mundo melhor.
Redação do Momento Espírita com
base em texto de autor ignorado.
Em 27.1.2015.
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