Foi durante a Primeira Guerra Mundial. De um lado, as trincheiras abrigavam alemães. Do outro, norte-americanos. A troca de tiros era intensa.
Separando os inimigos, havia uma faixa de terra muito estreita, que não pertencia a nenhum dos lados.
Um jovem soldado alemão, que tentara cruzá-la, foi baleado e acabou se enroscando na cerca de arame farpado.
Começou a gritar de desespero e de dor.
Entre o barulho ensurdecedor do combate, os norte-americanos podiam ouvir seus gritos.
Não suportando mais aquela tragédia, um dos soldados norte-americanos saiu da trincheira e rastejou na direção dele.
Quando os colegas perceberam o que ele estava fazendo, suspenderam o fogo. Mas os alemães continuavam a usar toda a artilharia.
Até que um oficial alemão viu o gesto altruísta e ordenou que os seus comandados cessassem fogo.
Um estranho silêncio se estabeleceu. O norte-americano desenroscou o ferido do arame farpado.
Em seguida, o levou aos braços dos companheiros.
Voltou-se e principiou a retornar para a sua trincheira. De repente, uma mão pesada pousou em seu ombro. Olhou para trás e seus olhos mergulharam nos olhos do oficial alemão que trazia na farda a Cruz de Ferro, a mais alta condecoração alemã por bravura.
Ele arrancou a medalha da farda e a colocou no rapaz norte-americano.
E cada qual, sem dizer palavra, retornou para a sua trincheira.
Certamente, os jovens soldados recomeçaram pouco depois a batalha, que a guerra impunha.
Mas, naquele dia, todos receberam a lição que guardariam e relatariam aos seus descendentes. A lição do altruísmo, que fez com que um soldado esquecesse que o outro era o inimigo e arriscasse a sua para salvar a vida dele.
* * *
Dentre todas as calamidades que atingem a Humanidade, de forma periódica, a guerra é uma das piores.
Vidas são destroçadas, esperanças fenecem. Jovens que deveriam estar nos laboratórios de ciências se encontram nos palcos da destruição.
Namoradas que se preparavam para a concretização do novo lar, passam noites insones perguntando-se se os seus amores ainda estarão vivos, nos campos da guerra.
Crianças que deveriam estar brincando, morrem à fome ou sucumbem nos bombardeios.
Mulheres que deveriam estar plantando flores em seus jardins, abrem covas para enterrar os corpos dos seus maridos, e as regam com suas lágrimas.
Infelizmente, o homem ainda não entendeu que o preço da guerra é a destruição. Destruição da natureza, das cidades e das vidas. Destruição da própria dignidade humana.
Gestos como o do soldado norte-americano, na Primeira Guerra Mundial, dizem-nos que os que são enviados para a guerra, são simplesmente criaturas que sentem, amam, têm compaixão e, com certeza, têm as suas noites mal dormidas povoadas de cenas dantescas, onde o pavor se mistura ao horror da destruição que os envolve.
* * *
A guerra desaparecerá um dia do cenário do mundo. Contribuamos com a paz, com as nossas vibrações especialmente endereçadas aos promotores da guerra, a fim de que repensem seus posicionamentos.
E envolvamos nas nossas orações os soldados de todas as nações que vivem a crueldade dos combates, longe de casa, e dos seus amores.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Coragem,
de autor desconhecido, do livro Histórias para o coração,
v. 1, de Alice Gray, ed. United Press.
Em 7.1.2015.
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