Ele tomou do alaúde do lago de Genesaré e dedilhou as mais belas canções. Canções que falavam, sobretudo, de amor. Não desse amor corriqueiro, que apenas se esboça, mas do amor profundo, imorredouro.
Do amor de um Pai por todos os Seus filhos. Do amor de um Pastor para com Suas ovelhas. Rebanho que lhe foi confiado por Seu Pai, o dono do Universo, o senhor das estrelas.
Ele subiu a um monte e, observando a imensa plateia que Lhe aguardava o verbo, teceu versos de luz e de esperança, falando das bem-aventuranças:
Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.
Bem-aventurados os limpos de coração porque verão a Deus.
Bem-aventurados os mansos e pacíficos porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que têm sede e fome de justiça porque serão saciados.
Andou pelas campinas, e na voz do vento distribuiu outros versos: Olhai as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem fazem provisão nos celeiros e contudo vosso Pai Celeste as sustenta.
Considerai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham, nem fiam, e digo-vos, todavia, que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles.
E se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós não fará.
Adentrou a sinagoga e, servindo-se do livro do profeta Isaías, cantou a canção mais esperada por Israel, a da chegada do Messias: o Espírito do Senhor repousa sobre mim. Ele me ungiu para evangelizar os pobres, me enviou a anunciar a redenção aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos.
E completou: Hoje cumpriu-se esta escritura que acabais de ouvir.
Chegara o esperado rei. Que canção mais doce poderiam aguardar os corações?
Cantor sublime, teve Seu próprio nascimento assinalado por cânticos celestes, que encheram de alegrias os corações dos pastores, no campo. Alegrias de que também falavam:
Nasceu hoje, na cidade de Davi, Jesus, o Salvador. Glória a Deus nas alturas. Paz na Terra, boa vontade para com os homens.
E, no rumo do Calvário, teceu versos de compaixão, detendo-se a falar às mulheres que O pranteavam, pelo destino que O aguardava: Mulheres de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos.
Ele sabia das dores que ainda atormentariam aquelas almas simples, na jornada da perfeição que teriam a empreender.
No alto da cruz, nas horas de agonia, cantou Seus versos mais doloridos, mas ainda plenos de confiança no Pai: Meu Deus, meu Deus, por que me glorificastes?
Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.
Eram homens agindo com a ingenuidade da infância e a maldade de almas ainda imaturas...
E, por fim: Senhor, em Tuas mãos entrego meu Espírito.
* * *
Como sentimos saudades dos versos do Nazareno. Como apreciaríamos poder ouvir-Lhe a voz, falando-nos desse amor imorredouro, dessa ternura profunda, desse aconchego de Pastor...
Eu sou o bom pastor, que dá a sua pela vida das suas ovelhas.
Eu conheço as minhas ovelhas e elas conhecem a minha voz.
Senhor, como desejamos que voltes a cantar em nossas almas.
Vem, Jesus, vem cantar aos nossos ouvidos e embalar a nossa esperança.
Vem, Jesus, amenizar a nossa saudade e fazer feliz a nossa vida.
Redação do Momento Espírita.
Em 24.12.2014.
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