Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Você lembra?

Quando a sombra da morte se faz sobre o lar e arrebata um filho querido, de imediato nossos pensamentos se voltam para os pais.

Como suportará a dor o coração materno? Como conseguirá ser forte o coração paterno?

E, quase sempre, não são lembrados os irmãos daquele que partiu. Se são pequenos, crianças, parece que o conceito é de que para eles aquilo não é tão grave.

Explica-se que o maninho fez uma viagem distante, foi ao encontro de Jesus. Ou que se transformou numa estrela e está iluminando o céu.

Ou, ainda, que está morando com seu anjo de guarda.

No entanto, os laços que unem irmãos são, por vezes, muito fortes e levam crianças a pensar no irmãozinho, na irmãzinha, se perguntando:

Será que onde eles se encontram há brinquedos? O irmãozinho terá saudade do ursinho com que sempre brincava?

Será que sente falta do seu cobertor quentinho, da chupeta, da mamadeira, da sua bicicleta?

Talvez pensando em coisas semelhantes, uma menina escreveu para a irmãzinha que morreu antes de completar cinco anos:

Você lembra das pedrinhas que você pisou, que sentiu sob seus pezinhos e gostou?

Você lembra das florzinhas que você regou, que você cheirou?

Você lembra das estrelas, meu bem?

Lembra da lua no poste da rua? Você olhou, achou tão bonita e se encantou.

Lembra da maneira como via graça em meio à dor?

Lembra a gargalhada que compartilhou e das revoltas todas que ela desmontou? 

Lembra das palavras que pronunciou? Você lembra, querida? 

Lembra a musiquinha que você cantou, e de quantas letras e palavras você inventou?

Lembra do café e do almoço, servido com amor, a todas as amiguinhas com seu avô?

Lembra das lindas histórias que a vovó contou e das unhas todas que a mana pintou?

Lembra de quantas horas passamos juntas?

Lembra da casinha de bonecas que o papai montou e dos bons momentos que ela proporcionou?

Lembra, meu bem, de quem cuidou de você? E de todo mundo que ajudou, em casa, no hospital?

Lembra, na hora derradeira, de quem beijou as suas bochechas, seu rostinho? De quem segurou as suas mãozinhas?

Lembra da oração? Das lágrimas de dor? Será que elas fizeram mal a você? Mas, já passou, não é mesmo?

Era o riacho da nossa saudade transbordando pelos olhos, como uma cascata que parecia não ter fim.

Lembra das brincadeiras que você gostava? Você lembra de brincar, meu amor?

Lembra do castelo, querida, que você imaginou, que de tanto construirmos, tão real se tornou? Lembra da árvore de Natal, das luzinhas coloridas e coisa e tal?

E da pazinha, do regador, da areia que peneirou?

Lembra das conchinhas de tantos tamanhos que você juntou, colocou na sua cama e me mostrou?

Pois é. Eu lembro de tudo isso, meu bem. Lembro muito, esperando que as minhas lembranças cheguem ao seu coração e você lembre também.

Isso faz bem para minha saudade. Também deve fazer bem para a sua.

E eu espero que à noite, quando eu for dormir, eu consiga ir ao seu encontro e nos possamos novamente abraçar.

Quem sabe possamos fazer, juntas, outra vez, umas traquinagens. Possamos brincar entre as nuvens ou nos jardins do mundo espiritual.

Sinto muito a sua falta, maninha. Até de repente!

Redação do Momento Espírita, com algumas
 frases de Marina Costa Macedo.
Disponível no CD Momento Espírita v. 29, ed. FEP.
Em 23.3.2016.

 

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