Aproximava-se o final de semana, acrescido de feriado municipal na segunda-feira. Com impaciência, o feriado era aguardado pela estudante, pois planejava visitar a família, que morava em outra cidade.
Domingo era a comemoração do dia da Independência do Brasil. Ela, que chefia um grupo escoteiro, aos sábados, preparou, com carinho, uma programação com a História da Independência.
E, porque iria viajar ao encontro da sua família, naquele final de semana, entregou o trabalho para que outra companheira aplicasse o conteúdo com sua matilha de lobinhos.
Mas, para aquela jovem, algo não ficou muito bem. E tomou uma resolução, que comunicou por e-mail:
Oi, gente, eu ia para aí, esta noite. Mas, amanhã tem reunião com o grupo escoteiro. Domingo é dia da Independência e eu fiz uma programação especial a respeito do Brasil.
Não estou conseguindo administrar a ideia de que outra pessoa aplique essa atividade.
Quero estar com os lobinhos amanhã, quero ensinar a eles o que quer dizer o tal “brado retumbante e o sol da liberdade.”
Quem sabe eles possam aprender, desde pequenos, “o sonho intenso e o raio vívido”, e assim cheguemos finalmente a ser, de verdade, a pátria amada e idolatrada?
Alguém insistiu que ela deveria ir para casa. Firme, ela respondeu:
Não posso viajar hoje. Lembra o que diz nosso Hino Nacional: “Um filho seu não foge à luta e nem teme quem te adora a própria morte.”
E concluiu, parafraseando Dom Pedro I: “Se é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, diga ao povo que fico!” Viajarei para aí, amanhã, depois da atividade. Ficarei menos tempo com vocês, mas ficarei feliz. Terei cumprido meu dever de filha deste Brasil.
* * *
Em tempos em que tantos se esquecem de serem gratos à terra que os abriga, à nação que lhes permite o estudo, o trabalho, o progresso; em tempos em que parecem esquecidos muitos valores cívicos, a atitude da jovem merece aplausos demorados.
Como faz falta, em nosso país, o culto à pátria! Como faz falta se falar mais a respeito deste valoroso país em que nos movemos, crescemos.
Como faz falta o culto aos símbolos nacionais. A bandeira nacional, quase sempre, é recordada em momentos de grandes eventos.
Mas a deveríamos portar, todos, na intimidade do coração, para sentir e viver as suas cores, o que ela representa.
Como seria bom que o Hino Nacional fosse respeitado conforme determina a lei, e cantado muitas e muitas vezes, para lembrar a todos nós, brasileiros, as bênçãos da mãe gentil.
Como seria oportuno lembrar os versos de Olavo Bilac em sua exortação:
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! Não verás nenhum país como este!
Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!
A natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão!
Vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas,
Onde impera fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha…
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! Não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
Redação do Momento Espírita, com base em fato e
transcrição do poema A Pátria, de Olavo Bilac.
Em 3.11.2014.
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