Ele era um jovem rapaz. Sua casa era luxuosa e seus pertences valiosos.
Não lhe faltavam joias e ouro.
Tinha saúde e constante companhia para festas alegres e competições esportivas.
Era, no entanto, vazio o seu coração.
Tinha sede de paz, sentia-se infeliz.
Movido pela curiosidade, despertada pelos comentários a respeito dos maravilhosos feitos do Mestre Nazareno, ele foi a sua procura, encontrando-O à beira do lago de Genesaré, num final de tarde.
Ao vê-lO, de longe, era como se reencontrasse um amigo, um Celeste Amigo.
Mas, de onde O conhecia? - Indagava-se com receio, procurando recordar-se com indizível e inútil esforço mental.
Emoções inusitadas vibraram no seu ser. Desejou jogar-se ao solo, esmagado por forte constrição no peito.
Vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu. Vem, e segue-me, disse-lhe Jesus.
Sentiu-se arrebatado. Interiormente gritava: Irei contigo, Senhor, mas... hesitava.
Permite-me primeiro, competir em Cesareia. Aguardei muito essa ocasião e ela se avizinha. Exercitei-me, contratei escravos, adestrei duas parelhas de fogosos cavalos... Os jogos estão próximos..., argumentava o jovem, vencendo a emoção que o transfigurava.
Renuncia e segue-me, disse-lhe o Mestre. Não há tempo a perder.
Quem era Ele, que assim lhe falava? Que poder exercia sobre sua vontade? O moço estava perturbado.
Em verdade, não receava dar o que possuía: joias, ouros, títulos... Porém a fortuna da juventude, os tesouros vibrantes da vaidade atendida e dos caprichos sustentados, as honras de família resguardadas pela tradição, os bajuladores...
Seria necessário renunciar mesmo a tudo isso? – Interrogava-se, inquieto.
Sim, responderam-lhe os olhos fulgurantes de Jesus.
Subitamente, acionado por estranho vigor, fitou o Messias e balbuciou com voz apagada: Não posso... Não posso seguir-Te agora... Perdoa-me. E saiu, quase a correr.
Uma semana depois, nos festins de Cesareia, em uma manobra menos feliz, um carro de corrida vira e um corpo tomba na arena, despedaçado pelas patas velozes em disparada.
O moço rico sente as entranhas abertas, suor e sangue cobrem-lhe o corpo.
Entre as névoas que lhe sombreiam os olhos parece ver o Mestre Nazareno e tem a inebriante impressão de escutá-lO: Renuncia a ti mesmo, vem, e segue-me.
* * *
Todas as nossas justificativas para recusar o convite do Mestre de Nazaré são frutos do nosso egoísmo e da nossa própria ignorância.
É chegada a hora de despertarmos para a verdade, e definitivamente atendermos a esse Divino chamado.
Jesus nos aguarda.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. V,
do livro Primícias do reino, pelo Espírito Amélia Rodrigues,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 15.9.2014.