Quando muitos brasileiros fazem questão de sair do país, de afirmar que por aqui tudo é ruim, alguns surpreendem pelo patriotismo que demonstram.
E não apenas com palavras. Ou com gestos pensados para dar demonstração a jornalistas e câmeras televisivas do que verdadeiramente não sentem, nem vivenciam.
Oscar Schmidt, o destaque brasileiro na História do basquete, em setembro de 2013, recebeu a maior honraria que um atleta pode receber na carreira.
Em uma cerimônia em Massachusetts, no Hall da Fama do Basquete de Springfield, ele recebeu a honra de um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, Larry Bird.
Em um grande telão, Oscar assistiu grandes astros elogiá-lo pela sua trajetória no basquete. Depois, recebeu a homenagem e fez o seu discurso.
Foi aí, em dezoito minutos, que ele demonstrou o que é lutar pelo seu país e ter um grande amor.
Apresentou-se com o sempre sorriso nos lábios e a inseparável boina preta, que o acompanha desde que iniciou sua luta contra o câncer.
Lembrou que foi seu pai, hoje desencarnado, quem o aconselhou a jogar basquete, quando ele frequentava os campos de futebol.
Lembrou amigos e treinadores, que fizeram a grande diferença em sua vida. Para não esquecer ninguém, levou para a tribuna uma listinha, que foi consultando.
Falou com emoção e com desenvoltura. Lembrou de que, destacando-se, foi convidado a jogar nos Estados Unidos. Isso significaria que nunca poderia jogar pela seleção brasileira. Eram as regras.
Então, ele voltou para o Brasil e fez a grande diferença para o nosso basquete. Em agosto de 1987, o Brasil foi campeão dos Jogos Pan-americanos, batendo os Estados Unidos, em sua própria casa, Indianápolis.
Oscar conseguiu o Bronze no Mundial de 1978, nas Filipinas e participou de cinco Olimpíadas.
No rol da gratidão, agradeceu à família, ao seu filho, que também já foi jogador, à sua filha, a quem elogiou como chef de cuisine.
Contudo, foi para a esposa Maria Cristina seu mais apaixonado testemunho público de amor.
Com os olhos cheios de lágrimas, revelou uma história de seu início de carreira. Tinha dezessete anos, sofreu uma lesão e ficou durante um ano fora do clube.
Ele ia treinar sozinho. Era terrível. Um dia, pediu para a também jovem Cris: Você pode ir comigo? Você me passa a bola. É muito triste treinar sozinho.
E ela foi. No primeiro dia, ficou com os braços muito doloridos por não estar habituada a tanto exercício. Mas ela continuou, uma semana, um mês, dia após dia, passando a bola para ele treinar.
Então, confessou Oscar, eu decidi: “Vou me casar com ela”.
Emocionado, enquanto as câmeras focalizavam a esposa na plateia, igualmente sob forte emoção, ele concluiu: Muito obrigado, “minha namorada”. São trinta e oito anos juntos. Eu tenho certeza de que somente cheguei onde estou, graças a você.
* * *
Diz-se que quem tem fama, dinheiro, somente pensa no poder e no usufruir das coisas da Terra.
Esquecemos que, dentro de cada ser humano, existe um coração que pulsa, sente, ama, sofre. Um ser que tem família, esposa, filhos, irmãos, pais. Uma criatura que vive o verdadeiro sentido da família.
E, por vezes, como neste caso, nos dá exemplo de verdadeiro amor à pátria, à esposa e filhos, dizendo, com suas atitudes, que é possível tudo conciliar, com equilíbrio e alegria.
Redação do Momento Espírita, com dados colhidos
no discurso de Oscar Schmidt, no Hall da Fama,
no dia 8 de setembro de 2013.
Em 19.8.2014.
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