O dia 11 de setembro de 2001 amanheceu com o céu azul, lavado e sem nuvens, em Nova York. O outono havia chegado.
O voo 93 estava marcado para decolar um minuto depois das oito horas. A bordo estavam trinta e sete passageiros, cinco comissárias, o piloto e copiloto.
Às oito e quarenta e dois o avião decolou. Cinco minutos depois, o voo 11, da American Airlines, vindo de Boston com destino a Los Angeles, se chocava contra a torre norte do World Trade Center.
Pouco depois, o voo 175 da United rasgava a torre sul como uma foice mortal, provocando uma enorme explosão.
Para todos os que assistimos pela televisão, a cena não parecia real. Não nos cansamos de repetir que parecia um filme.
A bordo do voo 93, ninguém sabia desses problemas, nem que, na primeira classe, havia quatro homens com o propósito suicida de sequestrar o avião e jogá-lo possivelmente contra o Capitólio, em Washington.
Quando as ameaças se deram e o avião foi tomado pelos terroristas, vários dos passageiros fizeram ligações para seus parentes, em terra.
Elizabeth Wainio telefonou para Ester, sua madrasta e disse:
Oi, mãe. Fomos sequestrados. Estou ligando para me despedir.
Elizabeth, respondeu Ester, estou abraçando você. Não se esqueça de que eu a amo.
Estou sentindo seus braços, foi a resposta. E também amo você.
E falou de cada membro da família e do quanto os amava. Ester, procurando auxiliar a enteada, naquele momento crucial, procurou retirar-lhe maiores preocupações e falou:
Vamos nos ater ao presente. Vamos olhar este lindo céu azul e respirar fundo.
Todd Beamer conseguiu falar com uma telefonista e foi narrando o que estava acontecendo a bordo. Em certo momento, pediu que ela rezasse com ele. Desejava ligar para sua mulher, mas não queria preocupá-la. Ela estava grávida do terceiro filho.
Se eu não sair dessa, você poderia, por favor, telefonar para minha família e dizer a eles o quanto os amo? - Recomendou.
O que se supõe é que os passageiros tentaram recuperar o comando do avião, que mergulhou, em uma área rural na Pensilvânia, batendo com uma das asas e com o nariz no chão.
O avião foi engolido pelas chamas, houve uma explosão e uma nuvem escura se elevou. Passava pouco das dez horas da manhã.
Em seu discurso no Congresso, em 29 de março de 2002, o Presidente Bush disse: Nenhum de nós jamais desejaria o mal feito em 11 de setembro.
No entanto, depois que os Estados Unidos foram atacados, foi como se todo o país se olhasse no espelho e visse uma face melhor.
Fomos lembrados de que somos cidadãos, com deveres uns com os outros, com o país e com a História.
Começamos a pensar menos nos bens que podemos acumular e mais no bem que podemos fazer.
* * *
Nenhum de nós sabe o momento em que partirá. Mas o que todos sabemos é que só se leva da vida os amores cultivados, o bem espalhado, as virtudes adquiridas.
Para os nossos afetos, restará o rememorar das doces lembranças dos nossos afagos, das tardes vividas, dos abraços ofertados, até que a oportunidade do reencontro se dê, na Espiritualidade.
Pense nisso e não deixe para amanhã nenhuma manifestação de carinho, nenhuma doação de amor.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A
história não contada do voo 93, de autoria de Jere
Longman, da revista Seleções Reader’s Digest, de
setembro/2002.
Em 14.8.2014.
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